Com a chegada da pandemia, muitas famílias viram os seus rendimentos reduzidos, seja pelas empresas onde trabalham terem entrado em lay-off, seja por despedimentos ou até pelo aumento de despesas devido ao confinamento. Algumas delas não foram capazes de aguentar este período e precisaram mesmo de recorrer à ajuda de grupos de solidariedade. O Portomosense esteve à conversa com a Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima, pela voz do seu presidente José Sousa, que revelou que, com a pandemia, o número de pedidos de ajuda teve «um acréscimo na ordem dos 40%». «Houve pessoas que não vieram só procurar um cabaz de comida, vieram também pedir dinheiro para renda, luz, água…», frisa.
De acordo com José Sousa, «as pessoas pedem ajuda ao Estado», mas este «não tem grandes possibilidades ou demora mais tempo», então procuram outras alternativas. «Aqui as pessoas são bem acolhidas, escutadas, sempre em sigilo, e depois são ajudadas, com roupa, alimentação ou dinheiro, mas essa verba nunca lhes é dada em mão, fazemos a transferência para o senhorio, para a EDP, para onde devem dinheiro. Também ao nível da medicação, temos uma parceria com duas farmácias de Leiria, onde fazemos as compras de medicamentos e as pessoas levantam-nos com receita médica. Isto é o que conseguimos fazer», avança José Sousa.
Este acréscimo de pedidos deu-se também «num ano atípico», em que as receitas da instituição diminuíram. «No terceiro domingo da Quaresma, há a Semana da Cáritas, em que fazemos um peditório de rua, nesse domingo todos os peditórios feitos nas igrejas da diocese revertem para a Cáritas», coisa que este ano não pôde realizar-se. «Isso já foi um contratempo», afirma. A acrescentar a isto, também as feiras sociais que a instituição costuma organizar, não puderam fazer-se.
José Sousa ressalva que, no início da pandemia, uma «superfície comercial de Lisboa» ofereceu um carregamento de alimentos e que têm «uma parceria com o Pingo Doce que, praticamente todos os dias, oferece os alimentos que estão prestes a expirar os prazos de validade». «Estamos sempre a receber roupa e calçado, procuramos aproveitar tudo para ver se conseguimos ter verbas para suportar as pessoas que acorrem à nossa instituição», avança.
Casa Amarela com remodelações
A conhecida Casa Amarela, na Praia do Pedrógão, sob a alçada da Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima foi recentemente remodelada. «Há algum tempo que estas obras eram necessárias», afirma o presidente da instituição, que adianta que «a nova direção que entrou em janeiro analisou e estudou a situação» e considerou que era preciso «fazer obras no exterior da casa, nomeadamente nas varandas e na parte da frente, foram feitos arruamentos, montagem de lancil, terraplanagem de todo o terreno e toda a zona envolvente porque estava com muita areia e muito lixo». As obras passaram também pelo «saneamento, a instalação de uma bomba de pressão para que haja mais pressão de água na casa e outras situações no interior», conta. A urgência prendia-se com o facto de que «se passasse mais um ano, seria o dobro dos custos». «Se calhar muitas pessoas vão pensar: “Então mas num tempo de pandemia foram fazer obras?”. As coisas tinham que ser feitas, não tínhamos outra alternativa. Além de que, em janeiro [quando foi eleita a nova direção], não sabíamos o que ia acontecer», salienta.
Os obras tiveram um custo de perto de 73 mil euros e a Cáritas apela agora «à sociedade» que possa contribuir para “tapar o buraco” que este investimento deixou nas contas da instituição. «A Cáritas é uma instituição que dá tudo aquilo que recebe. Isto é uma casa de âmbito social, que está aberta a todos», refere. José Sousa frisa que «as obras estão feitas» e que a «intenção não foi pedir dinheiro para as fazer. As obras estão feitas e apresentadas, está tudo pago». Porém, «se alguém puder ajudar, nós ficamos mais contentes e ajudamos noutras situações», conclui.