São alguns os mitos sobre o pinheiro-manso, há quem defenda e também há quem critique a espécie florestal. A APFRA e eu, enquanto técnico florestal, somos claros defensores e apoiantes da arborização com esta espécie. Em conversas com diversos proprietários, que por condicionantes florestais não puderam arborizar ou em casos onde não se tenha mostrado vantajoso rearborizar com eucalipto, foi aconselhado, na grande maioria das vezes, a arborização ou reconversão para pinheiro-manso. No nosso país temos grandes áreas de pinhal-manso em zonas conhecidas, como em Alcácer do Sal e Coruche, onde as produções são magnificas, e também temos zonas onde o pinheiro não desenvolve como seria desejável, mas com o tempo vai-se provando que nesta zona é possível obter resultados bastante satisfatórios e, na minha opinião, esta acaba por ser a melhor alternativa ao eucalipto, a nível de rendimento e de gestão, para produção de pinha. Começando pela gestão, o pinheiro-manso não se mostra exigente a nível de solos e o seu compasso de plantação começa por facilitar o trabalho de limpeza da propriedade, visto que requer um compasso alargado. A seu tempo, com o crescimento da árvore, o abate será necessário para garantir que as copas e o sistema radicular não se toquem entre si, atrasando ou mesmo impossibilitando a produção de pinha. Muitos proprietários mostram o seu desagrado pela não formação de pinhas em povoamentos de 10, 15 e mais anos de idade e após observação do povoamento constatamos que deveriam ter sido feitas intervenções silvícolas mais constantes, levando ao mencionado anteriormente. O pinheiro-manso só começa a produzir pinhas com 15, 20 anos de idade e produz pinhas todos os anos, necessitando de três anos de desenvolvimento até que possa ser colhida. Com o passar dos anos, vários estudos foram feitos e surgiu algo que veio revolucionar, de certa forma, a maneira como é vista a espécie, estando eu a falar das enxertias. A enxertia no pinheiro-manso é feita com garfo e porta-enxerto ou cavalo, sendo o garfo removido de uma árvore com elevada produtividade, fazendo com que a planta enxertada se comporte como a árvore de onde veio o material altamente produtivo. A enxertia pode ser feita nos primeiros anos de vida da planta, normalmente entre os três e os cinco anos, mas podendo ser feita antes ou depois desse intervalo de idade, dependendo apenas do desenvolvimento da planta. Depois de pegado o enxerto, no ano seguinte já poderão ser observadas as primeiras formações de pinhas, que irão necessitar dos então três anos para poderem ser colhidas. É importante mencionar que as enxertias não alteram a capacidade produtiva da árvore, mas sim a idade com que começa a produzir, porque sem enxerto só começa a produzir ao fim de 15, 20 anos, como já tinha mencionado, e enxertadas começam a produzir logo após a enxertia. Tivemos conhecimento que há quem diga que se vendem pinheiros-mansos já enxertados em vaso, o que é mentira, visto que a planta envasada não tem capacidade para ser enxertada, dada a sua dimensão, sendo apenas enxertada em campo com as idades já anteriormente mencionadas. Conclusão final: o pinheiro-manso é uma espécie em que vale a pena “apostar”, sem qualquer dúvida.

Carlos Cruz