A elaboração de um plano de mobilidade e circulação é uma das ações previstas no Programa Estratégico de Reabilitação Urbana (PERU) para a Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Mira de Aire, cuja apresentação pública teve lugar no passado dia 9 de abril.
No decorrer da sessão, Romana Rocha, da empresa responsável pela delimitação de uma ARU para Mira de Aire e elaboração da respetiva operação de reabilitação urbana, explicou que se concluiu que «a mobilidade é uma questão fundamental para a dinâmica e valorização da vila». Assim, uma das ações propostas é precisamente a elaboração de um plano que «terá de analisar um conjunto de questões e olhar para o funcionamento da vila e ver a melhor forma de funcionar».
De acordo com a técnica, na primeira sessão pública, realizada em 2019, o facto da EN 243 cortar a vila a meio foi um dos elementos mais apontados pela população local como condicionante ao desenvolvimento de Mira de Aire. Outras das “fraquezas”, identificadas e tidas em conta pelos técnicos aquando da elaboração da proposta do PERU, foi a falta de uma zona comercial e a degradação das habitações e estabelecimentos comerciais. Em contrapartida, o turismo, a cultura, o património construído e o património industrial foram apontados como “forças” em que se deve apostar.
Além da melhoria da mobilidade, o PERU assenta em mais quatro eixos estratégicos que, por sua vez, terão concretização efetiva num conjunto de ações. O primeiro visa a valorização de Mira de Aire através da reabilitação e requalificação do património edificado e isso começará por ações junto da população no sentido de a sensibilizar para os benefícios (nomeadamente fiscais) de que podem usufruir para reabilitar as suas casas ou edifícios comerciais. A identificação e reabilitação de edifícios degradados é o passo seguinte, a par da identificação de elementos com maior valor patrimonial e cultural com vista à sua classificação.
No segundo eixo procura-se a promoção do turismo e da atividade cultural. O objetivo é realizar ações que promovam Mira de Aire como destino turístico e isto porque, dos milhares de turistas que todos os anos visitam as Grutas, só um número extremamente reduzido é que aproveita para conhecer a vila. Assim, está prevista a criação de um centro de receção ao turista e de interpretação de Mira de Aire, e uma rede percursos pedestres.
A requalificação do espaço público em ambiente urbano é outro dos eixos em que assenta o PERU e é aí que entra o Município de forma mais visível. Não basta que os particulares façam obras nos edifícios de que são proprietários, as autarquias são também chamadas a intervir no espaço público no interior da ARU, ou seja, numa área que foi considerada com necessidades e características que carecem de ações de reabilitação urbana. Neste caso, entre as várias ações estão o ordenamento da circulação em torno da estrada nacional, a requalificação de espaços públicos que possam servir de ponto de encontro e a reconversão do antigo campo da Fiandeira Mirense num espaço para a prática desportiva.
O último eixo prevê coisas tão distintas como dar nova vida a fábricas desativadas, intervir em edifícios públicos como o mercado ou dinamizar a Casa da Cultura.
Feita a apresentação do PERU, o presidente da Câmara enumerou algumas das iniciativas municipais em curso e programadas, no âmbito da ARU, nomeadamente, a aquisição de vários espaços para construção de parques de estacionamento, a compra de casas que depois de reabilitadas serão colocadas no mercado de arrendamento a custo sustentável, a aquisição de uma antiga fábrica a transformar em espaço co-work, a criação de percursos pedestres e o desenvolvimento de projetos em parceria com instituições locais.
Aberto o espaço para participação do público foram vários os mirenses que intervieram para pedir mais dados sobre o PERU, assim como para apresentar novas ideias.