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Política e juventude, juventude e política

26 Abril 2021
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

26 Abr, 2021

Para Leonardo Sousa e para Inês Oliveira, o direito ao voto é uma possibilidade há poucos anos. Leonardo Sousa tem 23 anos e é natural do Alqueidão do Arrimal, já Inês Oliveira reside na freguesia de Pedreiras e tem 21. Além de serem os dois jovens, têm em comum o facto de se interessarem por política e de terem a consciência que é «preponderante para o funcionamento da sociedade». Desde que são eleitores já passaram, em conjunto, por eleições autárquicas (2017), legislativas (2019), presidenciais (2021) e europeias (2019) e em todas, garantem, foram votar. Este ano, em outubro, terão novamente a oportunidade de exercer este direito nas eleições autárquicas de 2021 e garantem que não vão faltar à chamada.

«A política é importante para salvaguardar os interesses dos cidadãos», afirma Leonardo Sousa. Nem sempre teve essa consciência, o interesse pela política «foi crescendo aos poucos», embora continue sem seguir nenhum partido específico, porque para o jovem, há aspetos mais importantes na hora de decidir em quem votar. «Não sigo nenhuma ideologia, pelo menos até agora, voto pela pessoa que se está a candidatar e pelas promessas eleitorais que apresenta no programa», seja na eleição concelhia ou nacional, explica. Leonardo Sousa acredita que ainda há, de uma forma generalizada, uma distância entre os jovens e a política, muito por culpa da linguagem utilizada: «A política não tem uma linguagem muito clara e objetiva. Para dizer uma coisa simples, utilizam mil e uma palavras, que por vezes nem fazem sentido», frisa.

Natural de uma terra serrana, vê também isso como um entrave, não tanto para os jovens, mas principalmente para os idosos. «Não sei se nas localidades mais isoladas os idosos chegam a conhecer os candidatos, acabam por ser localidades que ficam esquecidas», acredita. O arrimalense é a favor também de uma nova era, a da «digitalização», por forma a «aproximar as pessoas». «Já que estamos a evoluir nesse sentido noutras coisas, acho que na política também deveria acontecer. Tornar as burocracias políticas menos morosas e passar para o mundo da digitalização», salienta. Leonardo Sousa defende ainda a integração de uma disciplina de Política na escola, desde cedo, considerando que seria «uma boa ferramenta para que os jovens começassem a ter o “bichinho” da política desde jovens».

A política está em todo o lado

A política pode ser encontrada «em qualquer lado, em qualquer organização, nas funções de gestão de cada pessoa», frisa Inês Oliveira. Quando falamos em política facilmente nos lembramos dos autarcas e governantes, mas a jovem salienta que a política podemos «ser todos nós» na forma como «praticamos valores e princípios». «Permite-nos que haja meios para expressar a nossa voz, nós podemos ter objetivos como jovens, mas temos de nos sentir identificados com esses meios», refere. A política é também fundamental, defende, para fazer crescer e dinamizar as terras. Inês Oliveira salienta que Porto de Mós «perdeu um certo movimento devido a muita indústria ter fechado, como a têxtil e a cerâmica», mas tem a «esperança que se possa fazer muito» para contrariar esta tendência e aí, a «criação de oportunidades e a educação» são importantes, destaca.

A jovem entende também que «não devemos ir aos extremos» em termos partidários, não excluindo à partida nenhum paradigma político. «Todos os partidos defendem várias medidas que nos são essenciais para nos sentirmos satisfeitos, cada um deve escolher por si e ver qual é o partido que está a defender mais aquilo com que se identifica», frisa. Nesse aspeto, a fase de vida em que nos encontramos pode ser preponderante para a nossa escolha. «Se calhar, até aqui, as minhas necessidades estavam ligadas a coisas mais básicas, mas agora, com 21 anos, já começo a pensar como é que está o mercado de trabalho. Já me pergunto por que é que não nos ensinam na escola a começar o nosso próprio negócio, a investir, a negociar… Tudo coisas que me eram alheias», reconhece.

Questionar é o verbo de ordem para a jovem. Inês Oliveira afirma que é essencial que os jovens não se prendam à «visão política que lhes é transmitida pelos familiares e conhecidos, ou nas televisões onde nem sempre os temas são bem apresentados, dando sempre uma ideia de controvérsia e conflitos». Mesmo quando a política é explicada, é apenas sob o ponto de vista «da pessoa que está a explicar» e por isso, cada um, «deve procurar livros que falem sobre o assunto para não ficarem apenas com uma visão, para formarem a sua opinião de mente aberta e terem curiosidade de saber sempre mais». Inês Oliveira reconhece que a política é «colocada de parte nas conversas» entre jovens, mas tanto ela como Leonardo Sousa são dois exemplos que caminham em sentido contrário e que podem ajudar a quebrar as barreiras que ainda existem entre a política e os jovens.

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