O grupo Guardiões do Mar Alcobaça e Nazaré considera que não basta abrir, ocasionalmente, as comportas do rio Alcoa para se resolver o problema de poluição que o afeta. Em nota recente publicada nas redes sociais, os ambientalistas vieram, mais uma vez a público, denunciar a poluição dos rios Alcoa e Baça e solicitar à Câmara Municipal de Alcobaça «o início imediato da despoluição».
De acordo com o grupo, depois de vários contactos com a autarquia alcobacense, «as comportas do rio foram abertas, levando a um exponencial aumento da corrente», o que levou para o mar as centenas de peixes mortos, bem como a alga (infestante) azola. Contudo, no seu entender, «esta não é a solução» porque o que seguiu para o oceano «foram os sintomas de poluição do rio, a presença da azolla filiculoides (azola) e os peixes mortos». Falta agora tratar a sério e de uma vez por todas a “doença” porque se se ficar pela abertura ocasional das comportas «daí a poucos dias o rio estará de novo carregado de azola e possivelmente de mais peixe morto», defendem.
Depois de vários dias a monitorizar a situação do rio Alcoa, os Guardiões do Mar Alcobaça e Nazaré consideram que «os problemas do rio não são apenas causados pelos químicos utilizados na produção agrícola», defendendo que «as causas da mortandade dos peixes estejam relacionadas com a contínua descarga da ETAR de Fervença». No dia 4 de agosto, por exemplo, detetaram uma descarga contínua da ETAR para o rio em que a água se apresentava «baça, de cor cinzenta e com forte cheiro a esgoto».
Quem também não está satisfeito com a qualidade da água do Alcoa é a Associação de Beneficiários da Cela, que reclama igualmente ações que levem à despoluição do rio. Em declarações ao Jornal de Leiria, na sua edição de 8 de agosto, o presidente da associação, Carlos Malhó, reconhece que regar as plantas com água poluída baixa a produtividade destas e o rendimento e sublinha que depois de um investimento de 10 milhões de euros no regadio da Cela, não faz sentido que agora não se cuide da água que lhe dá vida e se evite a corrosão do sistema.
Na mesma data mas já em declarações ao Região de Cister, o responsável explicou que depois de terem aparecido peixes mortos junto à ponte situada na Rua da Carrasqueira, na área sob a jurisdição da associação, foi aberta a comporta antiga e a nova para permitir a renovação da água. Procedeu-se, ainda, à recolha de amostras para análise para depois serem tomadas medidas uma vez que os agricultores são dos principais interessados na qualidade da água» porque ela determina o sucesso da sua produção, frisou.
No dia 19 de agosto, foi a vez de o PCP de Alcobaça se juntar à discussão e, em comunicado público, solicitar à Câmara de Alcobaça que «tome as devidas providências, exigindo às entidades competentes nomeadamente, a Agência Portuguesa do Ambiente e à entidade que detém a gestão da ETAR, a Águas do Tejo Atlântico, a resolução deste grave problema de poluição no Rio Alcoa». Os comunistas de Alcobaça prometem pressionar «os Serviços Municipalizados a disponibilizarem as análises das ETAR’s da responsabilidade da Águas do Tejo Atlântico» e defendem que «devem ser efetuadas análises regulares à água do rio a jusante e a montante do local de descarga da referida ETAR, exigindo-se que os resultados sejam tornados públicos».
«O PCP considera completamente inaceitável que uma ETAR da Águas do Tejo Atlântico, que tem a obrigação da proteção do ambiente, possa estar a poluir continuadamente o Rio Alcoa, contaminando a água utilizada pelos agricultores para a rega e destruindo a fauna e a flora existente no rio, afetando, também, as aves aquáticas e as poucas lontras que ainda sobrevivem. Esta empresa supramunicipal, a Câmara Municipal de Alcobaça e os Serviços Municipalizados devem ser exemplares na protecção do ambiente», conclui o referido comunicado.
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