Luís Vieira Cruz

Por melhores dias, jornalisticamente falando

3 Jan 2024

«O Portomosense tem-se metamorfoseado nos últimos 40 anos e continuará a fazê-lo para honrar a sua mais nobre missão»

A crise no mundo do Jornalismo parece ter sido, durante largos anos, varrida para debaixo do tapete e ignorada por tudo e todos aqueles que não estão diretamente ligados a esta área, mas agora, com o escândalo do Global Media Group, atingiu-se um ponto de rutura e tornou-se impossível fazer vista grossa àquilo que se está a passar.

No referido grupo, que detém múltiplos órgãos de comunicação social, há dezenas de jornalistas e demais colaboradores sem vencimento e sem subsídios há meses, uma situação extrema que tem empurrado famílias para o campo da incerteza, aproximando-as da penúria. Estes jornalistas e a grande maioria dos colaboradores em “apuros” são formados, experientes, com provas dadas e poucas dúvidas há que, caso vejam os seus contratos rasgados, não serão os únicos a perder: perde também, e muito, o Jornalismo. Perde o seu maior recurso, as pessoas. Pessoas que se esfalfam para tornar o mundo mais justo, mais democrático. Pessoas que lutam diariamente pela verdade e pelo direito da liberdade. E como estes colegas, há muitos mais em situações precárias. O setor está de rastos, há poucos recursos financeiros, cada vez menos leitores e assinantes, parcos apoios, uma fatia mais diminuta de patrocínios…

Não vivemos em tempo de vacas gordas, há que aceitar isso, mas a este ritmo poucos conseguirão manter-se, a não ser por amor. E até os que possam querer ficar por amor à causa têm que pensar duas vezes se querem passar uma vida inteira a recibos verdes ou a receber ao fim do mês salários tremendamente injustos. Neste momento, há pouco que atraia os mais jovens. E também pouco há que faça ficar quem ainda cá está. Quantos e quantos jornalistas não migram para outras paragens? Fazem isto e aquilo como profissão porque a área que escolheram parece condenada a curto e médio prazo. E quando assim é, purgam-se muitos dos bons profissionais, que tarde ou nunca voltarão.

É por estes motivos que nos reinventamos. O Portomosense tem-se metamorfoseado nos últimos 40 anos (41 este sábado) e continuará a fazê-lo para honrar a sua mais nobre missão: a de informar, a de contar a história de Porto de Mós e dos seus habitantes. Assim, assumimos como compromisso para 2024 uma maior aposta no digital, quer através do site oportomosense.com – que passará a contar com conteúdos exclusivos para os nossos assinantes -, quer através das mais variadas redes sociais onde dizemos “presente” para nos aproximarmos ainda mais de si.

Este será, portanto, um ano em que o seu jornal virará a página e começará a escrever novos capítulos, mantendo a tradição de se atualizar e acompanhar a sua realidade, cada vez mais perto.