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Porto de Mós consumiu mais água em julho e preveem-se falhas pontuais na distribuição

22 Agosto 2023
Bruno Fidalgo Sousa

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Bruno Fidalgo Sousa

22 Ago, 2023

O consumo de água no concelho de Porto de Mós sofreu um aumento exponencial no mês de julho e é expectável que, caso perdurem os valores atuais, continuem a haver falhas na distribuição em momentos específicos durante o resto dos meses de verão, como aliás tem acontecido ao longo dos últimos dias, em diferentes locais do concelho. Em junho, o valor total gasto pelo município diariamente era de 4,5 milhões de litros, sendo que no mês seguinte se cifrou nos 6 milhões diários: um média de 250 litros de água por munícipe – por dia. Essa periodicidade foi especificamente frisada pelo vice-presidente da Câmara, Eduardo
Amaral, em declarações aos jornalistas à margem da última reunião camarária pública, a 10 de agosto. O autarca considera o aumento «preocupante», quer «em termos de captação, já que os níveis também baixaram», quer a nível da distribuição, dado que «o sistema de engenharia transfer de depósito para depósito» necessite de ser reequilibrado, distribuindo água «de um lado para o outro», o que vai motivar as tais quebras: «Um depósito por exemplo, quando fica vazio completamente, toda a conduta fica vazia e primeiro que se consiga repor o depósito e a conduta, é normal que se tenha de fazer um corte». Dessa forma, há furos no concelho «que estão parados precisamente porque as bombas [de captação], quando queimaram, bloquearam a estrutura». Ainda assim, Eduardo Amaral garante que as situações serão pontuais, sem «risco iminente de faltar água».

Em causa, segundo o autarca, está um «consumo excessivo» da água e que diz não ser explicado por um aumento do turismo ou da população. Acredita, sim, que «muita gente utilizou a água como adornos e não propriamente no consumo», condição exacerbada pelo ano de seca hidrológica. «Achamos que as pessoas com o calor ou encheram piscinas ou utilizaram mais aqui em regas ou fizeram aqui algumas utilizações», diz, «porque é natural, ninguém quer deixar as plantas morrer», explica, recordando também o caso do Rio Lena: «Estamos a procurar alimentar o rio com uma nascente que estava aqui junto à escola primária para evitar que os peixes morram, e mesmo assim não conseguimos nele todo»). De referir que já o ano passado as reservas de água ficaram abaixo do normal no final do mês de agosto, tendo na altura o presidente da Câmara Municipal, Jorge Vala, apontado ao «consumo fraudulento», com «roubos de água através das bocas de incêndio» e outros «ligações indevidas».

Para tal, a Câmara apela «a um consumo moderado, cuidado e essencial» de água, dando o exemplo («também estamos a deixar o nosso património sem água», diz, exemplificando com o desligar da rega em alguns jardins municipais») e sensibilizando a população com uma «campanha que vai ser replicada para pessoas tomarem consciência dos valores de água que estão a ser gastos e a forma como estão a ser gastos». «Tem que haver esta consciência coletiva», diz o autarca.

Mais captação para o concelho

Eduardo Amaral aponta também como solução um novo furo, a abrir no lugar de Chão Pardo, freguesia do Juncal. «Para termos aqui um excedente de água para numa situação eventual podermos intervir», explica. Para já, espera-se ainda a aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente, mas o concurso já foi aberto e prevê-se a entubação do furo ainda este verão, com 130 metros, e ainda dentro «dos limites de captação, sem baixar eficácia», explica.

Por outro lado, o Município já tem «a ligação com as Águas da Batalha e com a Barragem de Castelo de Bode (que alimenta Mira de Aire)», com o objetivo de «ligar estas duas redes para no caso de falhar [a água]» o concelho «poder ser alimentado por [serviços] exteriores». Atualmente, toda a água consumida em Porto de Mós, à exceção do que acontece na freguesia de Mira de Aire, é extraíd no concelho.

Eduardo Amaral aponta a uma falta «de linhas de financiamento», por parte do Governo, «para fazer substituições [das bombas de captação]» e reclama «uma visão estratégica» por parte do Estado, que deveria olhar «para o Maciço [Calcário Estremenho] enquanto Maciço, para os grandes ribeiras de água e para a grande barragem subterrânea» que esconde o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, «para podermos ter todos água em vez de andar aqui a fixar e a fechar rios e a causar problemas e outros impactos», acredita o vice-presidente.

Foto | Bruno Fidalgo Sousa

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