Caracterizar, com rigor, um município sob o ponto de vista económico, social e demográfico só é possível recorrendo a dados estatísticos. A estatística é, de facto, uma das grandes aliadas dos decisores públicos, sejam o governo, as autarquias ou outras entidades da administrações central e local do Estado, e ajudam também o cidadão comum a perceber melhor a realidade que o cerca ou que tem de analisar.
E o que mostram as estatísticas no caso do Município de Porto de Mós? Um conjunto vasto de informação que o Instituto Nacional de Estatística (INE) resume na sua página na internet sob a designação de “ficha municipal”. Trata-se de uma pequena gota num oceano de números e indicadores vários que hoje vamos conhecer. A última atualização que teve foi a 2 de dezembro de 2022. No ano de 2022, Porto de Mós contava com 23 202 habitantes (11 930 mulheres e 11 272 homens). Destes, 2 976 tinham menos de 15 anos e havia 5 794 com 65 ou mais anos. Havia, portanto, 201 idosos por cada 100 jovens, valor superior à média nacional (182,1). O gráfico da estrutura etária da população mostra que a maioria dos portomosenses tem entre 44 a 54 anos.
Em 2021 nasceram no concelho 177 crianças e registaram-se 297 óbitos. A densidade populacional era de 88,8 habitantes por quilómetro quadrado (km²). Um ano antes, a taxa bruta de natalidade [número de nados vivos por cada mil habitantes, num ano] era de 6,4% enquanto a taxa bruta de mortalidade se situava nos 12,7%, a da nupcialidade em 0,8%, e a de divórcio em 1,5%. Dito de outra forma, no período em análise houve mais gente a morrer que a nascer, e mais divórcios que casamentos, uma realidade que é comum ao todo nacional. Aliás, nestes quatro indicadores, pondo lado a lado os dados locais com os nacionais, constata-se que Porto de Mós tem um cenário mais favorável em todos exceto na taxa bruta de mortalidade.
Pela ficha municipal elaborada pelo INE constatamos que a taxa de mortalidade infantil entre 2016 e 2020 foi de 1,2%, e que no ano de 2021, por cada 1 000 habitantes havia 2,2 enfermeiras/os. Por sua vez, existiam 0,4 farmácias por cada 1 000 habitantes.
Educação e Ambiente
No campo da educação, a taxa de retenção e desistência no ensino básico regular era de, apenas, 2,2%, enquanto que a taxa de transição/ conclusão no ensino secundário regular de 96,4%, portanto, melhor que a média nacional (91,7%).
Da educação passamos para o ambiente e aí verificamos que em 2021 o Município teve uma despesa de 65,6 euros por habitante, tendo a “parte de leão” ido para a gestão de resíduos (54 euros/habitante). As ações para proteção da biodiversidade e da paisagem ficaram em 11,7 euros/pessoa. Por sua vez, as receitas que resultaram do ambiente foram o equivalente a 30,1 euros por habitante (29,8 euros relativos à gestão de resíduos e 0,3 euros de ações de proteção da biodiversidade e da paisagem).
Cultura e Desporto
Em 2021, revela o INE, o Município gastou 800 000 euros em atividades culturais e criativas. A maior fatia foi para bibliotecas e arquivos (270 000 euros), seguindo-se atividades interdisciplinares (244 000 euros), património (97 000 euros) e artes do espetáculo (70 000 euros).
Economia e Turismo
Entre novembro de 2021 e outubro de 2022 foram constituídas no concelho 58 empresas e entidades comparadas. O mês em que mais empresas foram criadas foi o de outubro de 2022 (11), seguindo-se maio (8) e abril (6). Todos os meses nasceram novas empresas.
Outro indicador disponibilizado é o do valor mediano das vendas por m2 de alojamentos familiares. Entre o 2.º trimestre de 2020 e o 3.º de 2021, o preço médio (por m²) dos alojamentos familiares foi de 608 euros. O valor mais baixo (591 euros) foi registado no 2.º semestre de 2022, enquanto o mais alto (632 euros), no 3.º trimestre de 2020. Quaisquer deste valores mantiveram-se longe da média nacional (1 191 euros), o que neste caso, na perspetiva das famílias, é uma boa notícia.
Ainda na área económica, em 2020 as empresas sediadas no concelho davam trabalho a 8.300 pessoas e tinham um volume de negócios de 630 milhões de euros, sendo que 30% deste estava concentrado nas quatro maiores empresas portomosenses. O Valor Acrescentado Bruto (VAB) era de 212 milhões de euros, menos 2,7% face a 2019. A taxa de concentração do VAB das quatro maiores empresas atingia 27,7%.
A criação de empresas é sinal da vitalidade da economia, mas não basta criar, é necessário que estas se mantenham vivas e se desenvolvam. De acordo com os dados do INE a taxa de sobrevivência das sociedades nascidas dois anos antes era, no ano de 2020, de 59,3%. A percentagem pode parecer relativamente baixa, mas está a par da regional (59,5) e um pouco melhor que a nacional (58,4%).
Porto de Mós exporta muito mais do que importa
Olhando agora para o comércio com o estrangeiro verificamos que no ano de 2021, Porto de Mós exportou bens no valor de 188 659 euros e importou 74 055 euros, o que faz com que a balança comercial apresente um saldo positivo de 114 604 euros. De 2020 para 2021 a evolução foi de 29,8% nas exportações e de 44% nas importações. A taxa de cobertura é de 254%, o que é bastante melhor que a regional (126,5%) e a nacional (76,5%). O peso das exportações concelhias no conjunto dos municípios que integram a NUTS III foi de quase 10 por cento (9,8%), enquanto que as importações, 4,9%.
Outro indicador disponibilizado tem a ver com a taxa de variação homóloga no caso de levantamentos em caixas multibanco e compras em terminais de pagamento automático entre 2021 e 2022. Comparando os dois anos verifica-se que foi em fevereiro de 2022 que a variação foi maior em relação a igual período do ano anterior (23,9%).
Unidades hoteleiras acolheram quase 7 000 hóspedes
Segundo os dados disponibilizados pelo INE, em 2021 havia apenas oito estabelecimentos «cuja atividade principal consiste na prestação de serviços de alojamento e de outros serviços acessórios ou de apoio, com ou sem fornecimento de refeições». Esses estabelecimentos tinham uma capacidade instalada de 150 camas, tendo recebido nesse ano um total de 6.961 hóspedes que pernoitaram, no total, o equivalente a 11 735 noites, o que equivale a uma estadia média de 1,7 dias. Os turistas deixaram nessas unidades proveitos (em alojamento, refeições e outros serviços e produtos) de 783 000 euros.
A taxa líquida de ocupação-cama nos estabelecimento (ou seja, a relação entre o número de dormidas e o número de camas disponíveis, considerado como duas as camas de casal) era de 22,4%. No conjunto dos turistas que escolheram o concelho para pernoitar, 10,6% eram estrangeiros.
Obras
O licenciamento e a conclusão de obras costumam ser um dos bons indicadores da dinâmica de um concelho. De acordo com a ficha municipal, no ano de 2021 foram licenciados 80 edifícios no concelho, o que representa uma diminuição de 13% face ao ano anterior. A maioria das licenças emitidas diz respeito a construções novas (57), as restantes foram para reabilitação (23). Entre as construções novas, 36 eram especificamente para habitação familiar e 39 fogos.
No mesmo ano foram dados como concluídos 61 edifícios, 16 como resultado de reabilitação e 45 construções novas (27 para habitação familiar e 29 fogos). Isto equivale a menos 7,6% quando comparado com os números de 2020. No ano de 2021, por cada 100 construções novas licenciadas, 3,5 eram reconstruções. Já com as obras concluídas verificou-se que esse rácio baixou para 2,2.
Foto | Jéssica Sá