O Município de Porto de Mós candidatou três projetos ao programa Programação Cultural em Rede, no âmbito do Portugal 2020. Os projetos a concurso devem envolver pelo menos três autarquias e têm um valor máximo de 300 mil euros, que será comparticipado a 100% no primeiro ano e a 95%, no segundo.
A primeira, já noticiada pel’O Portomosense, tem como parceiro líder o Município de Alcobaça, sendo o de Porto de Mós, em conjunto com o da Batalha, parceiro beneficiário. Nesta candidatura, denominada Rede Cultural – Aljubarrota 1385, a S. A. Marionetas – Teatro & Bonecos, de Alcobaça, é co-promotora e a Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA) é parceiro institucional. Este «acordo de parceria visa a promoção de eventos associados à cultura e bens culturais, bem como proceder à divulgação e integração territorial do património cultural e natural associados à Batalha de Aljubarrota», pode ler-se no protocolo. A missão atribuída ao parceiro institucional, a FBA, é a de «promover, requalificar e preservar, do ponto de vista patrimonial, cultural e social, o campo militar onde decorreu a Batalha», assim como «outros locais com relevância histórica ou cultural, associados à Guerra da Independência, ocorrida entre 1383 e 1432». De acordo com o mesmo documento, acredita-se que as atividades dinamizadas com esta parceria vão aumentar «não apenas o número de visitantes, como o de turistas» que «poderão prolongar a sua estadia».
Na última reunião de Câmara pública, a 3 de setembro, o presidente, Jorge Vala, disse que esta «é uma candidatura muito forte» e que «pode dar passos para ser aprovada». O vereador da Cultura, Eduardo Amaral, acrescentou que a estratégia da autarquia portomosense foi direcionar a candidatura para «o projeto educativo, no Castelo, de forma a que as crianças do concelho fiquem a conhecer toda a história do Castelo e cheguem [através dela] até à Batalha de Aljubarrota». O também vice-presidente adiantou ainda que o executivo propôs que se fizesse «a representação do conselho de guerra»: «Achamos que o dia 14 de agosto é importante para nós, para a Batalha de Aljubarrota. Não podemos esquecer que o primeiro feriado de Porto de Mós era nesse dia e não a 29 de junho. Criar aqui um conselho de guerra foi sempre uma ambição da nossa parte, achamos que devemos comemorar aquele momento enquanto Batalha, mas também enquanto memória», referiu.
Mais um passo para ser Capital Europeia da Cultura
A Bienal Ibérica de Património Cultural – Leiria 2021 (AR&PA Leiria 2021) é também uma das candidaturas em que Porto de Mós toma parte. O projeto é liderado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria e tem como parceiros beneficiários os Municípios de Porto de Mós, Leiria e Batalha. Aos Municípios de Ansião, Alvaiázere, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Marinha Grande, Pedrógão Grande e Pombal foi atribuído o estatuto de parceiros institucionais.
O protocolo visa «a promoção de eventos associados à cultura e bens culturais, no contexto regional e internacional, através de ações que promovam a concretização na região de Leiria da próxima edição» da AR&PA Leiria 2021. Com este evento, pretende-se a «promoção, valorização e visibilidade do setor do Património Cultural, através da tentativa de agregação de diversos players e stakeholders que atuam no setor, e integra a Rede Europeia de Ferias do Património – HERIFAIR, rede aglutinadora dos dois eventos ibéricos, bem como dos eventos congéneres italiano, austríaco e turco». De acordo com documentos a que O Portomosense teve acesso, «o projeto inicia-se em outubro de 2020 e irá terminar em outubro de 2021». «Nos primeiros 11 meses do projeto, as ações têm lugar nos 10 municípios da CIM e, no último mês da iniciativa, concentram-se na totalidade no Centro Histórico de Leiria», esclarece o mesmo documento.
Em reunião de Câmara, Jorge Vala explicou que esta é uma «candidatura de coesão da região» que tem como propósito ser «mais um passo no sentido de se avançar com a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura».
Danças tradicionais voltam a ser destaque
Outra das candidaturas a que Porto de Mós se associou foi ao projeto liderado pela Associação Cultural Batalha pela Cultura, denominado Rede de Vilas Culturais. Associaram-se também o Município de Ourém e o de Vila Nova da Barquinha. Eduardo Amaral explicou que o objetivo é «fazer a interligação dos eventos a poderem circular entre todos e, ao mesmo tempo, cada um ter os seus». De acordo com o vereador, a participação de Porto de Mós «vai na perspetiva das danças do mundo e das tradições», projeto que será desenvolvido «entre São João e a Praça do Município». Esta ideia visa aproveitar um outro projeto, já em curso e também implementado pela Câmara, de Salvaguarda das Danças Tradicionais: «Vamos procurar dar-lhe vida, para ver se conseguimos concluir este projeto, estamos a ter alguma dificuldade. Surgiu a oportunidade e vamos aproveitar», afirmou. O presidente, Jorge Vala, concordou com a importância deste outro projeto que é, assim, inserido na candidatura, e afirmou que, «em situação fora de pandemia», é uma ideia «que deve avançar, com ou sem candidatura», pois «além do interesse que tem, uma coisa que cada qual faz à sua maneira, passa a estar materializada e uniformizada».
Ainda a propósito, Eduardo Amaral esclareceu que o livro que tinha sido pensado para compilar a informação, Danças de Porto de Mós, «está pronto». «Faz a descrição das danças, foi feito com cada grupo folclórico, tem a história da dança, da música e da letra e depois tem a descrição dos passos, para que toda a gente saiba o que é meia volta ou volta e meia», explicou. A ideia inicial era que o livro fosse acompanhado de um CD, mas devido à pandemia e ao encerrar dos estúdios do grupo parceiro, não foi possível executá-lo. O Município está, agora, em conversações com o Centro do Património da Estremadura (CEPAE) para «ver se é possível fazer a publicação». «Consolidar o projeto, que era o que queríamos fazer este ano, ainda não foi possível», termina.