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Porto de Mós pelos olhos de cidadãos brasileiros

27 Fevereiro 2023
Jéssica Silva

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Jéssica Silva

27 Fev, 2023

Não é necessário pesquisar muito na internet para rapidamente constatarmos as dezenas de vídeos que existem a mostrar o concelho de Porto de Mós, feitos por cidadãos brasileiros. Os vídeos contam com milhares de visualizações e multiplicam-se pelas várias plataformas. Além do Instagram e do Facebook, estão presentes em vários canais do Youtube, que contam com milhares de subscritores. São feitos de forma quase trivial, sem grande edição, pelos autores dos próprios canais, muitos dos quais dedicam a vida a partilhar o seu dia-a-dia com os seus seguidores nas redes sociais. Outros aproveitam o facto de terem vindo morar para o concelho para morar para mostrar a quem os segue o que de melhor tem o concelho para oferecer. Dirigem-se sobretudo a pessoas, potenciais imigrantes, que também estejam a pensar deixar o Brasil.

Independentemente da duração dos vídeos, que pode variar entre os seis e os 30 minutos, a forma de os criar é quase sempre a mesma. Um roteiro pela vila, onde à passagem por cada local, se diz e explica o que se está a observar, ao mesmo tempo que se vai dando dicas e tecendo vários comentários sobre isso, na sua maioria bastante elogiosos. Um dos aspetos mais referidos nos vídeos é o facto de a vila de Porto de Mós «ter tudo o que uma pessoa precisa para viver». A pacatez e a tranquilidade sentidas foram outros pontos positivos destacados pelos produtores de conteúdos. Há quem diga mesmo que, para as pessoas que gostam de um lugar tranquilo, Porto de Mós é o «lugar ideal». Arrendamento barato e muitas oportunidades de emprego são também destacados como vantagens de se viver em Porto de Mós.

A inevitável comparação com o Brasil

É interessante e curioso observar que, quando as pessoas não nasceram num determinado local, a sua perceção sobre a realidade desse local é bastante diferente dos que daí são naturais. Além de sotaques que variam consoante a sua terra natal, que só um ouvido mais atento consegue distinguir, é quase inevitável os brasileiros fazerem comparações com o seu país de origem. Uma das diferenças que apontam é a quantidade de lixo que se observa nas ruas, o que os leva a considerar Portugal como um país «muito bem cuidado». Ainda falando em lixo, as ilhas ecológicas, inseridas “no chão”, que já é possível ver nalgumas vilas, são também, segundo um dos autores, «bem diferentes das lixeiras» no Brasil. Ainda no que toca a diferenças, o respeito pela sinalização rodoviária, nomeadamente a paragem quando existe uma passadeira, foi também motivo merecedor de elogio. «Aqui não importa a velocidade a que o carro esteja, se tu botou o pé na faixa de segurança, ele para. No Brasil só faltava passar por cima da gente», contou, a título de exemplo, uma das autores de um vídeo que dá a conhecer Porto de Mós. Outra das diferenças que apontam entre os dois países é o uso do carro. Se em algumas regiões periféricas do Brasil, dizem, é comum ver-se mulheres a andar a pé com os filhos, em Portugal notam que andar a pé é «muito raro». Comparando o poder de compra entre os dois países, reconhecem que em Portugal é bem maior, o que permite que quando alguém faz 18 anos os pais lhe ofereçam um carro, algo que «não é possível no Brasil».

Conselhos e recomendações

Os vídeos focam sobretudo locais e monumentos existentes na vila sede de concelho. Os autores dos vídeos mostram o que a vila oferece em termos de serviços (como biblioteca, Finanças, Segurança Social, escolas, cineteatro e piscinas) e comércio (como cafés, restaurantes, lavandarias, papelarias, floristas e relojoarias). A proximidade ao Santuário de Fátima também não é esquecida. Ao longo de vários minutos, vão deixando alguns conselhos a quem decida escolher Porto de Mós para viver. Falam sobre a necessidade de ter toda a documentação devidamente atualizada e ainda sobre a (quase) ausência de transportes públicos. «Não há Uber, mas há táxi», dizem.

Há também o caso de uma brasileira, de Guarujá, que vive na serra, e que, segundo garante, faz parte da primeira família de brasileiros a viver em Arrimal e Mendiga. Por isso, os seus conselhos são um bocadinho diferentes de quem viva na vila. Alerta para o facto de ser difícil trabalhar numa freguesia onde não se vive porque, justifica, os ordenados são baixos, pelo que «não compensa trabalhar num sítio e viver noutro».

Muitos acabam por admitir que a ideia que tinham de Porto de Mós acaba por não se confirmar com a realidade que depois encontram. Houve quem confessasse ter imaginado Porto de Mós «como uma cidade bem no interior, onde teria dificuldade em acessar a alguns serviços» mas que, na verdade, «tem de tudo um pouco».

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