Na vila de Porto de Mós, os comerciantes estão indignados com a «ausência quase total de luzes de Natal» e dizem que isso «está a ter influência na atividade comercial do concelho». Em declarações a O Portomosense, quatro comerciantes do centro da vila mostraram o seu descontentamento relativamente à redução drástica das luzes de Natal em Porto de Mós. Contra a ausência de iluminação pelas ruas da vila, os comerciantes entrevistados acham a medida «exagerada» e consideram que uns «apontamentos de luzes» espalhados pelas ruas fariam a «diferença».
Carla Sofia, proprietária da florista A Túlipa, na zona do Rossio, diz discordar da medida de poupança energética por considerar que é importante manter a tradição nesta época. «A vila estava sempre linda e era uma atração para a vinda das pessoas», afirma. Agora, com este «”apagão” as pessoas vêm menos, o que acaba por ser um prejuízo» para o comércio. «Como florista sinto perfeitamente que, nesta época natalícia, já deveria ter um nível de vendas mais elevado do que estou a ter», refere a comerciante, que acredita que «isso se deve à falta de iluminação e decoração natalícia». A proprietária considera que a melhor solução teria sido um meio termo: «No ano passado foi tudo um exagero e este ano nada. Um meio termo seria o mais justo», frisa, dizendo sentir-se «completamente indignada» com a situação. «Não seria uma luzinha aqui e outra ali que iria fazer uma grande diferença a nível económico, no entanto a ausência quase total de iluminação acaba por ser um grande prejuízo para o comércio e o comércio faz parte da vila», sublinha Carla Sofia.
Também na opinião de Elisabete Salgueiro, proprietária da loja de lingerie TriCai, no Centro Comercial Santo António, a opção deste ano «foi radical demais». «Se era para poupar devia ter sido em todo o lado», considera a proprietária, que diz estar «triste» com a decisão da Câmara. Elisabete Salgueiro sente que a época festiva foi «anulada» em Porto de Mós e que isso não aconteceu em concelhos vizinhos. «Sinceramente nem me cheira a Natal, porque não há harmonia festiva que lembre esta época em Porto de Mós», lamenta a proprietária. Elisabete Salgueiro conta, ainda, que os comentários que vai ouvindo da população mostram igualmente o «desagrado perante a situação» e considera ainda que, o «pouco investimento» que se fez, por exemplo, ao nível das “casinhas” que constituem a Aldeia de Natal, na praça Arménio Marques, «não traz ninguém à terra». «Sem iluminação natalícia e com as luzes dos postes a acender depois das seis da tarde», dá a ideia de que está «tudo morto» em Porto de Mós, frisa, com desânimo, a proprietária.
Comerciantes consideram que havia outras opções
Quem também, em conversa com O Portomosense, disse não gostar de ver a vila sem iluminação foi a responsável pela loja Palmo e Meio, na avenida Sá Carneiro, Maria do Carmo Pereira. «Isto não lembra Natal aqui, é isso que a gente sente», lamentou a proprietária, acrescentando que «existiam outras medidas de poupança energética que poderiam ter sido adotadas, ao invés de terem tirado tudo». Maria do Carmo Pereira é a favor da poupança energética e, por isso, já implementou algumas medidas nesse sentido na sua loja. No entanto, reforça que a Câmara podia ter «diminuído, por exemplo, o tempo de iluminação» de Natal. «Foi do oito ao 80 e podia ter-se, apenas, reduzido», refere, acrescentando que esta opção faz com que «as pessoas se desloquem para outros lados».
À semelhança dos outros comerciantes, também Anselmo Antunes, dono da pastelaria Portomosense, na avenida da Igreja, se mostrou insatisfeito perante o corte quase total da iluminação na vila. Embora considere importante reduzir o consumo energético, o proprietário considera que «não era preciso chegar a tanto». Não sendo a favor de exageros, Anselmo Antunes acredita que se poderiam ter optado por soluções menos drásticas, por exemplo, «espalhar as luzes em vez de serem colocadas metro a metro, como costuma ser feito em anos anteriores». Apontamentos de luzes «em determinados pontos da avenida» é uma alternativa apresentada pelo proprietário, que acrescenta que a decisão acabou por «não favorecer em nada os comerciantes», que pagam «todos os anos cerca de 600 ou 700 euros de Imposto Municipal sobre Imóveis, que acaba por ser para gastar com atividades que sejam para os comerciantes também». Este ano, com Porto de Mós «sem Natal», «não há nada que atraia a população», lamenta. «É preciso perceber se daqui a três anos, altura em que há novamente eleições, se vai manter assim ou se já vai haver outra vez o “folclore”», questiona, em jeito de crítica.
Ao contrário do ano passado, em que a maior parte da vila estava iluminada, este ano, a Câmara optou por não investir em iluminação natalícia, numa altura em que se reduziram também os gastos da iluminação pública. No entanto, se por um lado Jorge Vala não considerou a aposta na iluminação de Natal uma prioridade, uma vez que estamos em poupança energética, por outro, os comerciantes acreditam que «essa poupança poderia ter sido equacionada de outra forma, sem prejudicar o comércio da vila».
Foto | Rita Santos Batista