Portomosense David Ângelo lidera estudo pioneiro que quebra mito entre classe médica

20 Março 2024

Isidro Bento

O médico portomosense David Ângelo foi convidado pela Sociedade Americana de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular a apresentar, no seu congresso anual, um estudo que teve como objetivo investigar a eficácia e segurança de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas da articulação temporomandibular em idade pediátrica.

O convite de uma das mais prestigiadas instituições da especialidade surgiu na sequência da publicação do referido estudo na revista Journal of Clinical Medicine. Neste, David Ângelo e sua equipam derrubam o mito de que não é recomendável realizar intervenções cirúrgicas à articulação temporomandibular de crianças por se temer causar complicações ou possíveis alterações no seu crescimento craniofacial, bem como danos irreversíveis.

Até agora, a recomendação que havia era operar, apenas, depois dos 18 anos. Ora, David Ângelo vem dizer que, tendo em conta os resultados obtidos, tanto a artrocentese como a artroscopia da articulação temporomandibular, duas técnicas cirúrgicas, minimamente invasivas, representam uma opção eficaz e segura no tratamento de doentes em idade pediátrica com disfunções temporomandibulares intra-articulares. Contudo, recomenda que isso seja feito com cuidados especiais e só por mãos experientes pois há particularidades técnicas que são importantes controlar para que os procedimentos sejam bem-sucedidos.

O estudo liderado pelo médico cirurgião de Porto de Mós, professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, foi realizado entre 2019 e 2023 e incluiu 26 crianças. De acordo com o estado da doença, 67% fez artrocentese e 33% fez astroscopia. Os resultados alcançados foram muito positivas, tendo-se verificado uma redução significativa da dor no pós-operatório de quase 90%, uma melhoria da função mastigatória de mais de 96% e redução dos estalidos intra-articulares em 89% das crianças. Não houve complicações cirúrgicas nestes tratamentos, reduziu-se a dor média (de 4.04 antes da intervenção para 0,5 após a intervenção) e a abertura da boca de 35.5 mm para 43 mm após a cirurgia).

David Ângelo, citado pela SAPO Lifestyle, explica que a ideia do estudo lhe surgiu ao começar a observar uma procura elevada da sua consulta «por pais, com crianças com idades entre os 5 e os 14 anos, devido a problemas nas articulações temporomandibulares e queixas de dores fortes».«Alguns casos estavam a fazer medicação diária para a dor e algumas crianças já estavam a tomar antidepressivos», revela.
A disfunção da articulação temporomandibular é uma patologia incapacitante dos músculos da mastigação e/ou da articulação temporomandibular (área onde a mandíbula se articula com o osso do crânio). Além de dores intensas no maxilar e na face, a disfunção pode comprometer a mastigação dos alimentos, bloquear a articulação e/ou limitar a abertura da boca em alguns doentes, de forma severa.

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