Mirense, Alqueidão da Serra e Portomosense competem na divisão de honra distrital, na modalidade de futebol, competição retomada já este domingo. O Portomosense falou com os treinadores das três equipas para saber quais as expectativas e os objetivos traçados para este final de época, bem mais curto do que aquele que se esperava inicialmente.
Manuel Balela, treinador do Mirense, mostra-se apreensivo com este arranque, referindo que «existem ainda muitas incertezas», uma vez que, considera, «se o foco [de contágio da COVID-19] começar a aumentar em alguns distritos ou concelhos», as competições vão «parar outra vez». No caso da equipa que treina, afirma que estão a ser tomadas todas as «cautelas», tendo também em conta que alguns atletas estiveram infetados: «Independentemente de não ser uma liga profissional, também estão sujeitos a esforços e situações que podem provocar algum desgaste», ressalva.
Durante estes vários meses em que estiveram parados, os atletas receberam «um plano de treinos», que durante algum tempo «não podiam cumprir senão em casa». No entanto, desde que foi aberta a possibilidade de se treinar em pequenos grupos, o técnico garante que os jogadores começaram a fazê-lo, «alguns deles até no estádio». Manuel Balela frisa que, apesar de não ser possível prever o desempenho dos seus homens depois de tanto tempo parados, todos os clubes «partem do mesmo patamar», uma vez que todos estiveram sem jogar. Além disso, afirma que os atletas «vêm com muita motivação e vontade de voltar a treinar e a competir». Os objetivos do Mirense, segundo o técnico, «mantêm-se intactos»: «Ganhar os jogos todos. Foi a isso que nos propusemos e é o que vamos tentar fazer até ao fim», afirma.
Já Filipe Faria, treinador do Alqueidão da Serra, traça objetivos a mais curto prazo, afirmando que o maior, neste arranque é vencer ao Ansião, a primeira equipa que os alqueidanenses vão defrontar. «Depois vamos tentar, apesar de difícil, melhorar a classificação relativamente ao ano passado», aponta. Filipe Faria frisa que os seus atletas são «bastante dedicados» e que foram cumprindo, neste tempo de paragem, os planos de treino propostos e, por isso, acredita que «vão ter capacidade física, mental, técnica e tática para encarar estes jogos e ter um bom rendimento». No entanto, salienta que a competição é, «neste momento, curtíssima» e que por ser «um processo novo para todos», não se sabe «como vão reagir depois de três meses parados», assim, diz esperar que as circunstâncias não acarretem «lesões para que os jogadores se possam apresentar no seu melhor».
Também Pedro Solá, treinador do Portomosense, refere que «em termos de lesões, há riscos, porque a preparação destas duas semanas [desde o início dos treinos até ao arranque da competição] vai ser muito pouca para quem esteve parado tanto tempo», acrescentando que não acredita «que todos os jogadores tenham cumprido os planos de treino», já que considera que «é natural que assim seja». A sua expectativa, afirma, «é cumprir calendário». «Em termos de resultados desportivos, é uma incógnita, nós perdemos jogadores, as outras equipas também, por isso está tudo desvirtuado relativamente àquilo que pensámos inicialmente. Praticamente estamos a preparar um torneio de verão, onde fazemos oito jogos e a época acaba», afirma.
O método escolhido
Pedro Solá é, dos três técnicos, o mais crítico em relação ao método escolhido pela Associação de Futebol de Leiria, para terminar o campeonato. «Não faz qualquer sentido retomar do ponto onde estávamos, e dizermos que faltam 22 jornadas para serem disputadas e nós só irmos jogar oito e está feito», afirma. Na opinião do técnico, o mais justo seria optar por um método semelhante ao escolhido pelas associações de Coimbra e Aveiro, em que se farão dois play-off, um entre as cinco melhores e outro entre as cinco piores.
Já Filipe Faria, mais brando, apesar de dizer que «pessoalmente» não aprecia a decisão por se tornar injusta para as equipas, acha «importantíssimo, sobretudo para preparar a próxima época». «Quer nos seniores, quer nos mais novos, eventualmente poderia haver muito mais atletas a desistir se não houvesse esta mini competição. Nesse sentido, sem dúvida que é bom, no sentido competitivo, daquilo que era planeado, não tem nada a ver e claramente vai haver clubes bastante prejudicados», considera.
Manuel Balela diz apenas que «isto está previsto no regulamento»: «Está no regulamento que para homologarem ou certificarem os campeonatos, no mínimo terão de se cumprir 50% dos jogos», refere. Diz saber que «há muita gente que não partilha dessa opinião» mas frisa que «quando entramos numa prova, temos que conhecer e saber quais são os critérios».