Praga dos javalis volta a ser destaque em encontro de agricultores

26 Julho 2023

Bruno Fidalgo Sousa

Esperava-se o secretário de Estado da Agricultura, mas o convite não logrou efeitos e o encontro promovido pela União dos Agricultores do Distrito de Leiria (UADL) prosseguiu sem o governante. Numa assembleia que juntou cerca de 50 agricultores no Arrimal, estes reclamaram principalmente uma solução para o problema da praga de javalis, que continuam a destruir a produção. Na reunião estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, alguns presidentes de Junta e o Diretor-Regional de Agricultura e Pescas do Centro, Fernando Martins, em representação do secretário de Esado.

«Um problema muito complicado », é assim que descreve Jorge Vala a situação dos javalis, afiançado que o Município «está disponível para ser parte do apoio financeiro das batidas ». «Esta é talvez a parte que mais nos preocupa em torno da agricultura que se faz aqui na nossa região», garante. Hugo Cordeiro e Leonardo Tereso, em representação da Sendiga, pediram a palavra para expor as suas preocupações sobre o tema e pedindo mais apoios para o trabalho que a associação de caçadores está a realizar: «Não temos de andar a pagar para fazer favores a ninguém», diz o primeiro, referindo também que é «um problema em todo o país». Os dois colocaram de igual modo em cima da mesa uma sugestão: a criação de um selo de certificação Serras de Aire e Candeeiros, que motivou boas indicações por parte dos presentes.

Perante as questões dos agricultores, que exigem saber quem são os donos dos javalis, entre outras dúvidas, Jorge Vala deu ainda a conhecer a existência do que diz ser uma economia paralela que se alimenta desta praga, que lhe foi dada a conhecer pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino, e que diz ser do conhecimento do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. «Aquilo que eu sei é que efetivamente tenho tido inúmeras queixas, com fotografias inclusive, de terrenos que parece que foram lavrados. Uma senhora aqui na Bezerra mostrou-me um batatal todo arrancado. Isto é efetivamente preocupante, e temos de ter presente que este negócio paralelo dos javalis é um negócio sem qualquer controlo sanitário, a colocar no circuito de alimentação, podemos estar a colocar problemas graves para a saúde pública».

Por outro lado, o presidente da Mesa da Assembleia Geral da UADL, António Ferraria, reconheceu que já houve mudanças, fruto das ações da união, da Câmara e das Juntas, nomeadamente no alargamento do período de caça. Já a intervenção do representante máximo da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro focou-se de igual modo no excesso da população de javalis, «o principal fator de abandono» da agricultura de subsistência, acredita. «Foram dados alguns passos» para facilitar o abate destes animais, como explicou, antes de passar a outro dos temas apresentados, «o modo de produção biológico» que pode ser valorizado e que tem condições deser feito nos territórios do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. «O problema está convosco, ninguém de fora o vem resolver», frisou, no entanto.

Na sessão foi também votado, favoravelmente e por unanimidade, um documento elaborado pela UADL com as suas reivindicações, para ser entregue ao presidente da Câmara.

Foto | Rita Santos Batista

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