O tema das florestas foi levantado pela deputada municipal Cristina Rosa (PS): «Hoje a preocupação que trago aqui é a floresta, um ecossistema equilibrado importantíssimo, juntamente com a agricultura, para a manutenção do nosso mundo rural e estamos num concelho onde a ruralidade é total». «Temos dois tipos de floresta muito distintos no concelho, a floresta arbustiva na Serra dos Candeeiros, onde está o Parque Natural, e que é, na maior parte da área, gerido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e depois temos a floresta arbórea nas freguesias a sudeste e oeste do concelho, Pedreiras Juncal, e Calvaria de Cima», começou por contextualizar. São precisamente estas freguesias que preocupam mais a deputada socialista. «Os caminhos florestais que são tão importantes para a preservação dessa mesma floresta não beneficiam de manutenção, alguns deles há imensos anos e muitos deles estão altamente degradados», salienta.
Dando o exemplo de um incêndio recente que abrangeu os concelhos de Porto de Mós, Alcobaça e Leiria, Cristina Rosa deixou um alerta. «O incêndio começou no concelho de Alcobaça. Felizmente nesse dia havia poucos incêndios em Portugal e houve seis meios aéros destacados para controlo do incêndio. No dia em que essas manchas florestais sofrerem estas agressões e em que não haja meios aéreos que os possam controlar, vai ser preciso circularem os camiões das nossas associações de bombeiros e em muitos desses caminhos eles não vão circular», antevê. Era «importante», na opinião da deputada, «que o coordenador da proteção civil municipal, em conjunto com as Equipas de Intervenção Permanente dos quartéis que beneficiam estas freguesias, pudessem ver as manutenções necessárias e incluí-las no próximo orçamento da Câmara», considera. Cristina Rosa questionou ainda o presidente de Câmara: «As faixas de contenção que a Câmara realizou no ano passado, agora a maior parte da espécie que está nesta floresta é eucalipto, temos plantas com mais de dois metros de altura, a minha questão é: quando o município desenvolveu esta tarefa planeou que a seguir os proprietários limpam porque é floresta privada ou é o município que vai limpar de novo?».
Jorge Vala começou por responder a esta última questão. «O Município tem prevista esta questão das faixas de contenção, até aqui não podia (proibidas na altura do verão), a partir de 15 de outubro e com os nossos equipamentos fazer a limpeza desses rebentos de eucalipto», explicou. Para novembro está prevista também uma empreitada «para arrancar os cepos» que é, frisou autarca, «da responsabilidade» do Município. «O Município investe mais de 150 mil euros a fazer este tipo de manutenções, para além da aquisição de alguns milhares de toneladas de tout-venant para repor os caminhos florestais que entram nas faixas primárias», revelou. Nos outros caminhos «existe uma responsabilidade partilhada com as juntas de freguesia»: «Não quero vir para aqui trazer de quem é a responsabilidade, efetivamente temos muito que fazer em relação à manutenção dos caminhos», admite o autarca.
Ainda assim, Jorge Vala refere que há uma luta por vencer que faria toda a diferença. «Tenho lutado muito para que a floresta arbórea do nosso concelho seja reconhecida como prioridade para o ICNF, nós temos todo o território fora do PNSAC sem estar incluído na Carta de Risco de Incêndio Rural do ICNF», sublinha. Apesar de «aparentemente não ter nenhuma consequência», o autarca garante que tem. «Praticamente não há vigilância e depois não há obrigação plena dos proprietários de limpar porque não há fiscalização, sem fiscalização não há contra-ordenação e a coisa vai andando», diz. Depois, como «o Município não tem capacidade de chegar a todo o lado, tem de ir onde existe primeira prioridade de risco». A avaliação de risco do ICNF tem como um dos indicadores (a contar 30%) se a área teve um grande incêndio nos últimos 10 anos. «Felizmente Pedreiras, Juncal, Calvaria de Cima e Porto de Mós não têm tido incêndios e até parece que os responsáveis estão à espera que haja incêncios para as colocar como risco elevado», ironiza. «É fundamental que estas freguesias sejam consideradas de risco, até para poderem aceder a fundos comunitários para as faixas secundárias», defende.