A saúde oral das crianças portomosenses é, de um modo geral, boa. Esta é a convicção, do higienista oral da Unidade de Cuidados na Comunidade Dom Fuas Roupinho (UCC), José Relvas. A trabalhar há cerca de seis meses na UCC, o profissional (acompanhado por enfermeiras da mesma unidade) já visitou todas as escolas do concelho e, depois de observar a boca de cada uma das crianças, explica ao nosso jornal que «a tendência é haver cada vez menos crianças com cáries mas as poucas que têm, têm-nas mais que o normal». O programa de saúde oral já estava implementado e a ser levado a cabo pelas enfermeiras e o cheque-dentista tem também dado algum apoio. O resultado desse trabalho está à vista», realça.
De acordo com o técnico, o programa nacional de saúde oral já existe há cerca de 30 anos e durante este período de tempo passou por várias fases. «A partir de 2008, começou a haver o cheque-dentista, para alguns grupos etários, e no caso das crianças para as que têm 7, 10 e 13 anos». Entretanto, está em curso uma “nova” fase com «a introdução de dentistas e higienistas nos centros de saúde». «No caso dos dentistas, para abranger grupos que não podem ter cheque-dentista e que assim têm algum acompanhamento. Quanto aos higienistas para, entre outros, promoverem a saúde oral nas escolas e levarem a cabo um rastreio à boca das crianças», explica.
No âmbito deste programa, o Centro Escolar de Porto de Mós recebeu no passado dia 17 de março as derradeiras sessões (deste ano escolar) com o higienista e as enfermeiras, tendo os profissionais visitado três turmas do 1.º Ciclo. O encontro teve lugar na própria sala de aula e, desde o primeiro ao último minuto, as crianças mostraram-se muito atentas e participativas, ficando claro, pelas suas intervenções e perguntas, que aprenderam bem a lição e estão despertas para as questões relativas à saúde e higiene orais.
A sessão começou com a exibição de um vídeo que recorre ao desenho animado para ensinar a importância de uma boa higiene oral, nomeadamente a forma correta de escovar os dentes. Depois, o higienista e as enfermeiras procuraram consolidar os ensinamentos transmitidos no vídeo e acrescentar informação nova, respondendo, ainda, a questões, às quais, quase sempre, as crianças não resistiam a enriquecer com o relato da sua própria experiência.
Concluído este momento, José Relvas passou por todas as carteiras para observar a boca de cada um dos alunos da turma. Pelo meio, várias recomendações e uma ou outra pergunta para esclarecer determinada situação. Os (raros) casos mais problemáticos foram identificados junto da respetiva professora e das enfermeiras para terem, depois, o devido acompanhamento.
«Os miúdos reagem muito bem a tudo, desde a apresentação do vídeo, à conversa e depois à própria observação dentária. Esta é feita também com o intuito de que sintam um bocado a responsabilidade pelo estado da sua boca. Como sabem que vão voltar a ser observados tendem a ter mais cuidado e a pôr em prática os ensinamentos que tiveram nesta sessão», conclui o higienista oral.
As dicas para uma boca sã
Em linguagem apropriada a crianças do 1.º ciclo foram muitas as “dicas” e ensinamentos deixados:
- Os doces não são só as gomas e chocolates. São também os Chipicao, Manhãzitos, croissants e bolachas que vocês comem, mesmo que sejam bolacha Maria.
- Apesar do iogurte líquido também ter açúcar, é preferível beber um que comer várias bolachas Maria porque a bolacha fica agarrada aos dentes e isso, para as bactérias que causam as cáries, é uma festa.
- As bombas para asmáticos têm açúcar na composição e é por isso que os meninos que têm asma têm tendência para terem muitas cáries. Então, sempre que usarem uma bomba (ou tomarem um xarope) devem escovar os dentes.
- As bactérias não gostam de comida saudável, portanto, não é o que vocês comem no refeitório da escola que preocupa, mas aquilo que comem nos lanches e em casa.
- A pasta de dentes não é para espalhar em toda a escova. A quantidade ideal para uma criança é a equivalente a um grão de ervilha. Já para o adulto basta «um grão de bico».
- As pastas para adultos são as melhores para as crianças porque têm maior quantidade de flúor.
- O ideal seria escovar os dentes a cada refeição mas há duas alturas em que não temos mesmo desculpa: depois do pequeno-almoço e antes de irmos para a cama.
- As escovas elétricas não são tão boas como as manuais. Para escovar bem com uma escova elétrica precisam sempre de cinco minutos, o que é uma eternidade, por isso, durante a semana usem a escova manual e ao fim de semana, já com mais tempo, podem, então, usar as elétricas.
- A expressão correta é “escovar os dentes” e não “lavar os dentes” porque a pasta não tem detergentes, não limpa melhor. A única vantagem é que tem flúor. Se não houver pasta em casa, devemos, na mesma, escovar os dentes.
Fotos | Isidro Bento
