No último ano, por culpa da pandemia, os municípios portugueses viram-se obrigados a reinventar as suas ofertas culturais, desportivas e de lazer de forma a poderem continuar a servir as suas populações o melhor possível, e o de Porto de Mós não foi exceção. Em momentos distintos, consoante a gravidade da situação do concelho e do país, foram criados projetos novos e reinventados outros, passando quase todos eles do mundo físico para o virtual.
Na última reunião de Câmara, o vice-presidente do Município e vereador da Cultura e do Desporto, Eduardo Amaral, informou o executivo camarário das mais recentes novidades a esse nível. Assim, de acordo com o responsável autárquico, está de volta o Tokámexer – Programa de Atividade Física em Isolamento que, como o próprio nome indica, foi criado numa altura em que tal como agora a palavra de ordem era “Fique em Casa”. O programa dinamizado por técnicos especializados em atividade física e desporto visa «proporcionar atividade lúdico-desportiva, a toda a população de uma forma virtual mas real» e, ao mesmo tempo, «combater a solidão».
De acordo com o vereador, nesta segunda fase, o programa volta a funcionar à terça e à quinta-feira com aulas via internet, com a duração de cerca de 20 minutos. Depois os exercícios propostos são convertidos em “versão papel” e enviados por correio, a quem o solicitar e também para aqueles que já integravam os grupos de ginástica sénior do Município, uma vez que nem toda a gente tem acesso à internet ou a utiliza de forma regular.
Este ano, «como não se sabe como vão ser os novos tempos», o Município vai dinamizar três projetos de forma diferente do habitual mas, mesmo assim, Eduardo Amaral, acredita que as pessoas irão aderir e «o movimento associativo começará a desenvolver alguma atividade e a conseguir gerar uma pequena receita» após a paragem de um ano.
O Tokandar, um desses projetos, continuará a ser feito mas agora como proposta individual, ou seja, quem quiser pode ir à internet e descarregar o mapa com o percurso, sendo que em cada mês haverá um diferente de forma a que o projeto volte a visitar as 10 freguesias do concelho mas agora sem as multidões de tempos que apesar de relativamente recentes, já parecem tão longínquos.
Já o troféu de trail promovido pelo Município em parceria com a empresa portomosense, Record Pessoal, irá funcionar em moldes algo semelhantes: «Os percursos são disponibilizados numa página específica na internet. Depois de descarregados, os atletas fazem a sua inscrição, e podem durante aquele mês, recorrendo a uma aplicação informática instalada nos seus smartphones ou outros aparelhos preparados para o efeito, registar os tempos. Com base nos comprovativos de tempo [e da efetiva realização do percurso proposto], a organização emite as classificações. Para os amantes do BTT será lançado desafio idêntico recuperando outro troféu realizado em parceria, desta vez com os clubes do concelho» que habitualmente promovem provas desta modalidade nas suas diversas vertentes. «Isto sempre na perspetiva de que as pessoas podem fazer quando quiserem, o tempo que quiserem, sem ter que haver aquelas aglomerações típicas das provas, algo que era benéfico mas que agora é impossível de ter», explica o vereador, acrescentando que cada percurso estará aberto durante um mês, depois o troféu visita outro local do concelho pelo mesmo período.
Uma das particularidades destes projetos é que as inscrições dos atletas continuam a passar pelas associações promotoras (no terreno) de cada iniciativa e Eduardo Amaral acredita que isso fará «com que se comece a recuperar alguma dinâmica associativa que se perdeu neste último ano». O Município assegurará algumas despesas, nomeadamente com seguros desportivos, enquanto que os clubes terão a seu cargo tarefas igualmente importantes como a definição e marcação dos percursos.
Entre os vários serviços do Município mobilizados para trabalhar neste projeto dividido por três iniciativas diferentes está o Fablab que terá como missão criar os troféus a atribuir. Estes terão a particularidade de serem, por um lado, únicos, como qualquer troféu, mas, por outro, peças de um puzzle que, no final, formará o mapa do concelho, numa alusão à ideia sempre presente do Município, de «colocar Porto de Mós no mapa, neste caso, no das atividades de lazer e do turismo ativo», como sublinhou o vice-presidente.
Asas do Tempo “voa” até casa dos idosos
O projeto Asas do Tempo, dinamizado por técnicos da associação Tempos Brilhantes em parceria com o Município, foi outro dos que tiveram de se reinventar para continuar a chegar ao seu público-alvo, a população sénior do concelho de Porto de Mós.
Uma vez que por força do confinamento o contacto presencial entre os idosos que integram o projeto e os jovens que o dinamizam no terreno, não tem sido possível, associação e Município decidiram criar uma brochura mensal (cujo segundo número deve sair muito em breve), e que está a ser enviada por correio para casa dos seniores participantes.
A “revista”, com oito páginas, reúne passatempos de estimulação cognitiva, propostas de exercício físico que cada um pode fazer em casa, desafios, curiosidades, entrevistas, efemérides, anedotas, entre outros. Foi elaborada com o contributo dos técnicos portomosenses que animam os três projetos que integram o Asas do Tempo: Felicidade pelas Artes, Geração TIC, e Saúde e Bem-Estar.