«Neste momento, se passarmos ao pé de um contentor ou de um dos ecopontos espalhados pelo concelho, a probabilidade de se encontrar mais lixo por recolher, que recolhido, é enorme». A denúncia foi feita pelo vereador do PS, Rui Marto, na última reunião de Câmara, e veio acompanhada do pedido de tomada de medidas urgentes por parte do Município.
O autarca deu o exemplo dos caixotes do lixo das Eiras da Lagoa, mesmo à entrada de Porto de Mós, que, segundo ele, no dia anterior à reunião se encontravam cheios, e dos ecopontos onde terá sido feito a «a recolha do papel mas não do plástico», deixando claro que estão longe de ser casos únicos.
A denúncia estendeu-se também aos contentores de recolha de roupa, muitos deles “a rebentar pelas costuras” ou com as peças já espalhadas pela rua. Por último, lamentou «não se ver em lado nenhum qualquer tipo de equipamento para recolha de resíduos de construção e demolição, apesar do caderno de encargos do concurso ganho pela empresa Rodolixo o prever.
No caso dos caixotes do lixo, Rui Marto lamentou que a Rodolixo «já esteja a trabalhar no concelho há mais de oito meses mas continue a fazer mal um parte do serviço e a não fazer de todo, outra». O autarca mostrou-se chocado por ter assistido no Alqueidão da Serra a uma situação em que «os trabalhadores depois de terem verificado que um determinado contentor ainda não estava cheio, voltaram à viatura e seguiram viagem [sem terem feito a recolha». Ora, para Rui Marto «isto não é um trabalho, é uma brincadeira ou falta de profissionalismo», afirmou queixando-se, ainda, que «há falta de atuação rápida da Câmara neste tipo de situação».
“Apliquem-se as penalizações que houver para aplicar”
«Peço que seja feita rapidamente uma intervenção junto desta entidade. Se tiverem que ser aplicadas penalizações, que se apliquem, e também se tiver que se mudar [de empresa], também não se deve perder grande coisa», frisou, reconhecendo que voltar a mudar não é uma coisa fácil de fazer» e que «não podemos ficar “descalços” de um momento para o outro», mas, no seu entender, «o que está a ser feito não é aceitável de forma alguma».
«Em relação à Valorlis vamos no mesmo caminho. Uma vez mais não sei o que andam a fazer. Acho que ninguém sabe e tenho dúvidas de que eles próprios saibam», afirmou, acrescentando que «se se tiver que propor alguma iniciativa mais musculada, que se proponha». E como a Comunidade Intermunicipal, de que Porto de Mós faz parte «tem andado tão empenhada em fazer algumas atividades musculadas» relativamente a esta empresa, poderá continuar fazê-lo agora para resolver este problema, até porque cinco dos municípios que a compõem estão neste sistema e fazem parte do conselho de administração», defendeu.
Quanto à questão das roupas, Marto disse ser uma situação que não sabe muito bem o que se pode fazer, mas em última análise que as entidades responsáveis pelos contentores «sejam penalizadas ou de alguma forma obrigadas a ter outro tipo de atitude».
Falando ainda de resíduos mas de outra espécie – os que resultam da limpeza das faixas de gestão de combustível [nas zonas arborizadas junto a vias de comunicação e habitações], Rui Marto queixou-se que já por diversas vezes levou o assunto à reunião de Câmara mas sem sucesso: «Os resíduos resultantes dos cortes feitos no ano passado, apesar das sucessivas promessas que iriam ser retirados, continuam lá e lá continuarão porque já toda a gente viu que ninguém os quer tirar», afirmou. Relativamente a esta situação, o eleito socialista solicitou que «seja feita uma revisitação do caderno de encargos» e lhe seja dito numa próxima reunião «se este prevê a retirada deste tipo de resíduos [por parte da empresa ou empresas contratadas] e em caso afirmativo por que não foi feito e se era uma tarefa paga».
“Não é verdade que haja falta de intervenção da Câmara”
Em resposta, o vice-presidente da Câmara, Eduardo Amaral, que presidia aos trabalhos, reconheceu que no caso da recolha do lixo o Município conhece várias situações que corroboram a denúncia feita pelo vereador do PS. Nesse caso, explicou que o que tem sido feito é «recolher as várias informações e reclamações e encaminhá-las para a empresa com o respetivo pedido de esclarecimento». Se as situações se mantiverem, a autarquia promete analisar o caso para decidir a melhor forma de obrigar a empresa a cumprir o que está estabelecido no contrato, garantiu.
Eduardo Amaral recusou a acusação de que «tem havido falta de intervenção por parte da Câmara» e lembrou que o Município ainda está num processo litigioso com a SUMA, a empresa que antes fazia a recolha dos lixos. Assim, tem feito «a pressão suficiente [sobre a Rodolixo] de forma a não perder também o pouco que temos» mas sem assumir posições extremadas uma vez que ainda não consegue garantir que «esta empresa fica fixa dado que há ainda o litígio com a outra», justificou.
No caso da recolha de roupas, o responsável autárquico disse não ter conhecimento da situação, prometendo que irá inteirar-se sobre o assunto para que se decida em conformidade. Resposta idêntica foi dada relativamente a quem é que deve assegurar a recolha dos resíduos das limpezas florestais. Quanto à Valorlis, Eduardo Amaral disse que é verdade que os municípios fazem parte do conselho de administração da empresa mas como só detêm 49% do seu capital social, as queixas e a pressão que fazem para a resolução dos problemas «acabam por ficar à entrada da porta», vencidos pelos 51% na posse dos outros acionistas.
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