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Quadra natalícia: as preferências e a tendência de poupança das famílias para este Natal

20 Dezembro 2019
Jéssica Silva

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Jéssica Silva

20 Dez, 2019

O Natal está aí à porta. As ruas iluminadas, as músicas natalícias e o consumismo desenfreado vêm lembrar até os mais desatentos de que daqui a exatamente 20 dias, é dia de Natal. Por esta altura, dá-se ainda relevo a valores que muitos defendem que deviam de ser praticados durante todo o ano.

O Portomosense foi ao Mercado de Porto de Mós com o objetivo de tentar perceber quais os costumes e as preferências dos portugueses nesta época do ano. Se preferem fazer compras no comércio tradicional ou por oposição, nas grandes superfícies. Se tencionam gastar mais ou menos dinheiro do que em anos anteriores. Quais as tradições que cumprem religiosamente e os pratos que não podem faltar na ceia de Natal. No final, procurámos saber qual a sua opinião sobre o espírito natalício que se vive hoje na sociedade portuguesa.

Manuel Alves, 78 anos
Fontainhas, São Bento

Não gosto de fazer compras nas grandes superfícies porque tenho que andar lá a rebolar à procura das coisas ou então tenho que perguntar. Tenciono gastar a mesma coisa que noutros anos, 200 ou 300 euros no máximo porque o dinheiro também faz falta. Às crianças ofereço uma caixinha de chocolates. Brinquedos não, porque daí a dias já não valem nada e eles também não estão acostumados a isso.
Na ceia normalmente come-se bacalhau e no dia 25 será cabrito assado no forno.
Hoje o espírito natalício perdeu-se muito porque Portugal está bastante envelhecido e os novos não dão importância a isso. Antigamente era tudo mais alegre, agora não tem nada com jeito.

Conceição Cordeiro, 62 anos
Rio Alcaide, Porto de Mós

Opto sempre por fazer compras no comércio tradicional. Estou a pensar gastar a mesma coisa, até 200 euros, porque as pessoas são as mesmas e a vida está difícil.
A tradição que gosto de cumprir é o peru. Faço sempre, mesmo que eles não gostem. Na consoada opto por fazer o bacalhau. Além disso, não podem faltar as filhoses de abóbora.
Hoje o espírito natalício está diferente, principalmente nas crianças que já não acreditam no Pai Natal e sabem que são as pessoas que lhes dão os presentes. No meu tempo, apesar de não haver prendas nós acreditávamos muito. Atualmente, acho que se perdeu muito e vive-se mais o consumismo e não tanto o espírito natalício.

António Silva, 78 anos
Brancas, Batalha

As compras de Natal ainda não estão programadas. Eu produzo e vendo legumes então isso não preciso de comprar, o resto adquiro no comércio tradicional e em supermercados. Não sei muito bem quanto gastamos mas nós não procuramos o Natal para comprar as coisas. Não vou atrás destas influências. É só balbúrdia, então tento fugir da confusão.
Às vezes vou à Missa do Galo, conforme esteja o tempo. Se dependesse de mim, ia sempre, mas a mulher tem problemas de saúde e não vou assim à aventura.
Normalmente na ceia, não pode faltar o bacalhau, umas filhózitas, um café e cama. No dia 25, como há sempre sobras, tenta-se aproveitar uma coisa dali ou de acolá.

Irene Vala, 61 anos
Fonte dos Marcos, Porto de Mós

Ainda estou indecisa onde vou fazer as minhas compras de Natal mas será entre Porto de Mós e Leiria. Dou mais atenção ao comércio tradicional mas, às vezes, as coisas tornam-se mais caras. Estou a pensar gastar mais ou menos igual, cerca de 600 euros, mas não muito além disso porque com ordenados mínimos não nos podemos esticar.
Na consoada não pode faltar o bacalhau com a batata e a couve. Depois há a doçaria, como as filhoses. No dia 25, como sempre cabrito ou borrego e, claro, a canja portuguesa com a galinha criada em casa.
Hoje em dia existe muito consumismo. Agora as pessoas vivem mais só para elas e não se lembram dos outros. Já não há aquela união.

Rosa Silva, 66 anos
Porto de Mós

Este ano vou tentar gastar o menos possível, até 150 euros. Quero apertar o cinto porque toda a vida assim o fiz. Mas nas grandes superfícies nem pensar, fujo disso como o diabo foge da cruz. Prefiro dar dinheiro e compram o que precisam. O que não pode faltar na minha ceia de natal é o bacalhau e o peru no dia 25.
Gostava de cumprir uma tradição que me foi incutida desde criança. Ir deitar e só na manhã ver os presentes. Hoje, o espírito natalício vive-se de outra forma porque é o consumismo e o desacreditar daquela fase que era o Menino Jesus e que agora foi substituído pelo Pai Natal. Porque é que fazem o Pai Natal, se nos presépios tem lá o Menino Jesus?

José Carreira, 74 anos
Alqueidão da Serra

Costumamos fazer as compras de natal no comércio normal mas tentamos gastar o menos possível porque a vida não está nada fácil.
Às vezes vou à missa do galo. No dia 25 se estiver um dia bom passeia-se um bocado, se estiver mau, deixamo-nos estar em casa à fogueira.
O meu prato preferido é o cabrito mas também costumamos fazer bacalhau. Os coscorões não podem faltar. No dia 25, come-se o que sobra da consoada. Não há tempo, nem vida para desperdícios.
O espírito natalício é totalmente diferente de outros anos. Mesmo o povo, uns para com os outros, o respeito e a consideração praticamente acabaram. Agora não há tempo para nada. Parece que anda tudo elétrico.

Isabel Pereira, 60 anos
Bairro de São Miguel, Porto de Mós

Costumo fazer as minhas compras de Natal em vários sítios. Este ano estou a pensar gastar menos, 200 euros, porque antes tínhamos que comprar prendas para cada um e agora fazemos o jogo do amigo secreto e assim só compro uma.
Na Consoada comemos bacalhau e no dia 25 come-se o que sobeja. Com o bacalhau cozido fazem-se uns pastéis de bacalhau.
A televisão nessa noite está apagada, para nós conversármos uns com os outros e ver as crianças a rasgar o papel. Para mim o Natal é só isso, não é mais nada.
O espírito natalício já não é como era antigamente. O Natal era mais pobre mas era mais alegre. A emoção das pessoas era diferente.

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