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Quais os benefícios do jejum intermitente? A resposta de quem adotou esta estratégia

22 Outubro 2021
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

22 Out, 2021

O mundo da alimentação e do fitness está em constante renovação e crescimento, com estudos e teorias novas diárias que têm como objetivo ajudar a melhorar a saúde e a condição física das pessoas. Umas resultam, outras nem tanto e uma coisa os nutricionistas defendem: cada pessoa tem a dieta/regime ou alimentação adequada para si e deve sempre procurar aconselhamento. Ainda assim, muitos têm sido os testemunhos de quem “aderiu” à estratégia do jejum intermitente e tem tido resultados satisfatórios. O jejum pode ser feito durante diferentes períodos, que podem ir desde as 12 horas de restrição alimentar até por exemplo às 36 horas. Laura Nascimento e Pedro Machado partilharam com O Portomosense a sua experiência.

“Emagreci 12 quilos”

Laura Nascimento, agora com 23 anos, estava acima do peso que desejava e que era adequado à sua altura. Ouviu falar do jejum intermitente e apesar da sua «nutricionista não concordar», optou por experimentar. O objetivo era então perder peso: «Tinha alguma compulsão a comer e esta era uma forma de me obrigar a reduzir a quantidade de comida que consumia por dia», refere. «Comecei por fazer jejum por um período mais reduzido de apenas 12 horas, ou seja, durante 12 horas podia comer, nas outras 12 fazia jejum», explica. «Este tempo de jejum não exige muito esforço, até porque 8 das 12 horas eram de sono, por isso acabou por ser fácil», lembra Laura Nascimento. Apesar de não ter custado, os resultados também não foram os pretendidos e por isso decidiu aumentar para 16 as horas de jejum. «Estava 16 horas em jejum e 8 horas a comer. Começava a comer às 12 horas e acabava de comer às 20», recorda. Mas o jejum por si só não bastava: «Nessas 8 horas em que comia tentava comer muitas verduras, fruta, consumir muita água, comer carne, tudo o que necessitava para não me faltar nada», garante.

As melhorias foram evidentes, salienta a jovem. «Comecei a perder peso gradualmente, sempre tive muitos problemas de intestinos e comecei a deixar de ser obstipada. Senti que regulou o meu corpo. A primeira semana custou um bocadinho mas a partir daí o corpo habitua-se», frisa. O período da manhã, em que estava sem comer até às 12 horas não «custava nada», já o período da noite «é mais difícil»: «Como me deito tarde começo a sentir alguma fome e o erro das pessoas é muitas vezes esse, comerem coisas que não devem depois do jantar». Laura Nascimento perdeu cerca de 12 quilos, sentia-se «menos inchada e tinha energia tal e qual». Hoje em dia continua a fazer o jejum sempre que consegue, sobretudo durante a semana, mas assume que quando tem jantares, acaba «por não conseguir cumprir» da mesma forma. A jovem continua, no entanto, a sentir-se «muito bem» e está a conseguir «manter o peso».

“Sou um curioso em relação a estas questões alimentares”

Pedro Machado já faz jejum intermitente há alguns anos, fruto da sua curiosidade que sempre o fez interessar-se em saber mais sobre alimentação. Nos artigos científicos que lia as conclusões revelavam que o jejum podia ter efeitos benéficos «na melhoria da composição corporal, nomeadamente associada à perda de massa gorda e ganho de massa muscular» e existiam também indicadores de que o jejum podia afetar positivamente «a longevidade das pessoas» e prevenir doenças crónicas. O instrutor de fitness frisa no entanto que a maior parte destes estudos foram desenvolvidos em animais, embora isso não tenha sido um impedimento para experimentar. Pedro Machado aplica o jejum «mais simples» de 12 horas, ou seja, faz «ingestão calórica apenas entre as 8 e as 20 horas», fazendo normalmente quatro refeições neste período.

«Há outros protocolos de jejum como por exemplo o de 16 horas, que é muitas vezes o protocolo mais recomendável porque é o tempo necessário para haver uma alteração em termos metabólicos, no entanto, cada vez mais se percebe que muitas vezes não é tanto o tempo que passamos em jejum, mas sim os nutrientes que ingerimos ao longo do tempo, nomeadamente se fizermos alguma restrição proteica durante 12 horas ou 16 horas», explica Pedro Machado. O instrutor, formado em fisioterapia no desporto, diz sentir-se «bastante bem a nível digestivo e de composição corporal» mas garante que tudo isto só resulta aliado a um estilo de vida saudável. «Eu sou fisicamente ativo, faço desporto diariamente, tento ter uma boa qualidade do sono, não diria que apenas o jejum chegue, deve ser integrado como mais um complemento de outros comportamentos saudáveis», refere.

Pedro Machado alerta ainda para o facto de ser essencial que as pessoas se informem antes de começarem qualquer tipo de regime alimentar. «Tal como noutros temas, nesta área do fitness, existe muito desconhecimento por parte da população, falta de literacia em termos científicos e muitas vezes essa informação é promovida por pessoas que falam da sua experiência mas não têm suporte científico para o partilhar», salienta o instrutor que lembra que «o que funciona com umas pessoas não funciona com outras». Quanto aos estudos, apesar da maior parte que existe ser em modelos animais, há já também alguns «feitos em pessoas com doenças crónicas, na área oncológica e com resultados benéficos, mas também depende muito dos casos, em que fase se encontram da doença», revela.

Pedro Machado vai manter o jejum das 12 horas até porque para si «é fácil de implementar no dia-a-dia» mas descarta qualquer tipo de «jejum mais agressivo» como é exemplo de pessoas «que não fazem qualquer ingestão calórica durante um dia». «Tem que ser algo mais pontual, ainda há pouco suporte científico para mais do que isso», conclui.

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