Catarina Correia Martins

Quanto tempo dura o Natal?

2 Dez 2020

Quanto tempo dura o Natal?

Autor: | 2 Dez 2020

Todos os anos “reclamamos” sobre o quão cedo lojas, centros comerciais, ruas, avenidas, vilas e cidades são enfeitadas para o Natal. Luzes, árvores, Pai Natal, decorações à venda… Todos os anos estranhamos (ainda que todos os anos aconteça o mesmo) que, no começo de novembro, já se ouça All I Want for Christmas e Jingle Bells. Mas este ano, diferente em tudo como tem sido, também no Natal se mostra distinto de todos os outros que vivemos.

Apesar de ser comum que os espaços públicos sejam enfeitados cedo, as famílias nas suas casas continuam a esperar pela chegada do último mês do ano para decorar a árvore e montar o presépio. Em minha casa, desde pequena, que o dia escolhido era um dos feriados de dezembro e, estou convencida, assim seria na maioria das casas. Este ano, decidimos pôr em prática a célebre frase que diz que “o Natal é quando o Homem quiser” e desde o início de novembro que vemos famosos e anónimos partilharem nas redes sociais as suas decorações natalícias.

Já me tinha questionado acerca do porquê, enquanto os meus enfeites continuam dentro do caixote, na garagem. E foi então que alguém, algures, proferiu a frase que, para mim, deu todas as explicações: «Este ano temos tantas dúvidas acerca de como vai ser o Natal, há cada vez mais certezas de que não vai ser como o conhecemos que, se pudermos fazer com que a nossa casa tenha o espírito, tudo será mais quente e aconchegante». É um facto!

As recordações são, realmente, uma âncora forte para quando o nosso barco abana. Olharmos em volta e vermos a casa decorada, certamente nos trará à mente tantas memórias quantos os natais que vivemos em família e, com certeza, isso dar-nos-á um abraço no coração.

Não sabemos ainda quantas pessoas vamos poder sentar à mesa a comer bacalhau, polvo ou peru. Menos ainda sabemos se vamos poder ir visitar os avós, os tios ou os primos que vivem noutra zona do país. Continuamos a comprar prendas de Natal sem saber se só poderemos entregá-las em fevereiro, quando as restrições estiverem, esperemos, mais leves. No entanto, e apesar de tudo isso, se quisermos, podemos continuar a ter rabanadas na mesa, cheiro a bolo rei pela casa e a música de Natal a tocar. Deve ser por isso que as casas se enfeitaram mais cedo, porque num ano de dúvidas, é preciso a certeza de que “o Natal é quando o Homem quiser” e de que, se não o pudermos festejar em dezembro, fá-lo-emos em qualquer outro mês, quando toda a família puder sentar-se em torno da mesma mesa.