«É uma sina. Quando o Judo do Juncal compete, fica quase sempre no pódio». É de forma pouco hesitante que o mestre Diamantino Simões, fundador do Clube de Judo do Juncal, justifica o facto de, no passado dia 25 de novembro, em pleno pavilhão Rainha D. Leonor (Caldas da Rainha), ter visto os quatro atletas que levou ao Torneio Associativo saírem medalhados. Na categoria -22kg, Polina Kotenko arrecadou o primeiro lugar; nos -30kg, Oleksandr Khaletskiy foi terceiro; em Cadetes +90kg, Leonardo Cordeiro “fez” segundo e ainda em Cadetes, mas em -60kg, ninguém ficou acima de Denis Keyvan.
O dia foi de festa para alguns, mas de grande responsabilidade para outros. Se, por um lado, havia crianças com os seus cinco anos a dar os primeiros passos na modalidade, por outro, os mais “graúdos” já tinham a vitória em mente. Enquanto que os Benjamins executaram três formas no chão e uma técnica de projeção, os restantes escalões já puderam demonstrar «um judo mais ativo», explica o mestre.
Questionado sobre o grau de competitividade que apresentam estes atletas de palmo e meio, Simões faz uma distinção perentória: «Nem todos os mestres atuam assim, mas eu não posso tratar da mesma forma os mais ‘pequeninos’ e os Cadetes. Nestes torneios quero é que os mais novos aprendam as bases. Devagarinho, vão aprendendo, não faz sentido pressionar porque este desporto é individual e as derrotas têm um peso muito significativo. Quando ganham, batemos palmas e voltamos aos treinos. Agora, Deus me livre estar ou ver alguém a apontar o dedo a uma criança porque perdeu», exclama. Quanto aos “mais velhos”, a história já é diferente: «A pressão é maior porque quero que sejam campeões. Já passaram antes por este processo e têm apresentado bons resultados noutras provas, já estão mais habituados”, diz.
Cordeiro e Keyvan foram os judocas mais experientes do Juncal em prova. Nos últimos tempos, têm vindo a conquistar diversas medalhas, sagraram-se campeões zonais nas respetivas categorias e, no caso de Keyvan, exemplifica Simões, «quase que subiu ao pódio nacional, tendo falhado o mesmo por um combate, o que o atirou para o sétimo lugar». Ainda assim, «o balanço é positivo», refere, sem esquecer de frisar que «o Clube do Juncal é reconhecido em todo o país, mas tem que trabalhar mais que os outros para apresentar resultados, já que não tem tantas condições». «Temos feito milhares de quilómetros em competição, estágios e outras provas regionais para estarmos ao nível da Federação, mas não estamos a ser reconhecidos», lamenta.
Uma caminhada de “altos e baixos”
Em 2024, o Clube atinge a capicua de 33 anos. Ao longo destas décadas, o seu tatami já conheceu várias “casas”. Primeiro na Rua dos Bombeiros e mais tarde no Pavilhão Municipal do Juncal. É nesta infraestrutura que os atletas treinam, mas o facto de terem sido recentemente transferidos para uma sala com menor espaço – «32m2, o que não nos dá margem para treinar em segurança, sem medo de projetar alguém contra uma parede», conta – fez com que se procurasse alternativa. «Neste momento dividimo-nos entre este espaço e o pavilhão dos Bombeiros da Batalha, que nos cederam metade do seu palco. Treinamos lá às terças e quintas desde setembro», esclarece.