Até final de junho deverão estar concluídos os trabalhos de instalação da rede de fibra ótica no concelho de Porto de Mós e um ou dois meses depois o serviço já poderá começar a ser comercializado pelos vários operadores. A informação foi dada pelo presidente do Município, Jorge Vala, na última reunião de Câmara descentralizada que teve lugar no Alqueidão da Serra.
Em resposta a alguns moradores locais que se queixaram de que a fibra tarda em chegar à freguesia, Jorge Vala reconheceu que, de facto, houve um atraso, «não por culpa da empresa que está a fazer a extensão da rede mas por terem surgido constrangimentos com o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) e que levaram à interrupção dos trabalhos». Agora que os mesmos «já se encontram ultrapassados», o autarca disse que a informação que tem é de que, até ao final do próximo mês, o concelho ficará com uma cobertura a 100% em termos de fibra ótica.
O problema foi levantado por José Vieira no período dedicado às intervenções do público. O munícipe do Alqueidão da Serra lembrou que a fibra ótica já foi prometida várias vezes mas até agora nada ainda lá chegou. «É hoje, é amanhã, é no outro dia e chegamos ao Natal e a fibra ótica ainda cá não está», afirmou num misto de crítica e de desalento, o mesmo usado a seguir por Mariana Amado que já por mais de uma vez denunciou essa situação queixando-se dos “prejuízos” pessoais e profissionais daí resultantes. «Sou designer, trabalho para uma empresa de eventos e tenho sempre ficheiros muito grandes para enviar e recebo todos os dias muita informação. Por vezes, estou uma hora para fazer o download de uma coisa em que tenho de trabalhar urgentemente, o que é inadmissível», começou por dizer a jovem.
«Há dois anos diziam que era no final do ano. No ano passado a mesma coisa e agora era para ser até ao final do primeiro trimestre e também não foi. Eu não vos peço mais mentiras ou datas desajustadas, queria mesmo é saber quando é que isso efetivamente vai acontecer porque tanto eu como o meu namorado (que trabalha para uma empresa alemã) temos o trabalho em risco e andamos constantemente stressados porque não estamos a produzir o que devíamos», frisou.
Mariana «gostava muito de ficar a viver na aldeia, de comprar um terreno para construir casa» mas além de todos os problemas profissionais que advêm de ainda não existir fibra ótica, o facto de também não haver médico, da rede de transportes ser deficiente e dos espaços locais de convívio serem cada vez menos leva-a a ter sérias dúvidas se o vai fazer, confessou. «Se queremos atrair jovens e que construam ou comprem casa, precisamos de ter um conjunto de serviços básicos e a fibra é uma coisa básica hoje em dia», disse perentória.
«Eu sinto-me um bocado ridícula de estar aqui a falar de fibra quando existe o problema da saúde para resolver mas isto também é muito urgente para mim e para outros jovens. Se não sabem uma data, por favor, digam que não sabem. Agora, não andem é a chutar uma data para a frente, depois não se cumpre e nós ficamos frustrados e se há coisa que não queremos mais é frustrações com o atraso na chegada da fibra ótica», afirmou em jeito de apelo aos elementos do executivo camarário.
Entidades pouco sensíveis
Ouvidas as queixas dos munícipes, Jorge Vala, juntou, por iniciativa própria, mais um problema à lista: a situação das telecomunicações no Alqueidão da Serra está melhor mas ainda há problemas, lamentando o autarca a falta de sensibilidade de algumas entidades. «Ainda há dias fiz uma declaração de interesse público de uma antena de telecomunicações que teve parecer desfavorável do PNSAC. Agora, a pedido do presidente da Junta, estou a tentar sentar à mesma mesa o ICNF, a empresa e o próprio Município. É que se o parecer não for alterado, a empresa, que tem mais com que se preocupar, não instala a antena, vai-se embora e não quer saber de mais nada e quem fica prejudicada é a população» realçou, explicando que nem sempre é fácil encontrar um ponto de sensibilidade para a importância que é nos dias de hoje a instalação de uma antena de 4 ou 5G».
Foto | Isidro Bento