A criação de uma Unidade Local de Saúde (ULS) é uma das seis medidas prioritárias que a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), da qual faz parte o Município de Porto de Mós, quer ver inscrita no próximo Orçamento do Estado, «na defesa de uma verdadeira política de desenvolvimento regional», segundo se lê em comunicado.
De acordo com a agência Lusa, a CIMRL propôs à tutela «a avaliação da criação da Unidade de Saúde Local de Leiria, igualmente com gestão empresarial, que se acredita vir melhorar o funcionamento da prestação de cuidados de saúde na região de Leiria e demais áreas de influência» do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), que serve uma população de cerca de 400 mil habitantes, entre os concelhos de Porto de Mós, Batalha, Alcobaça, Leiria, Nazaré, Marinha Grande, Pombal, Ourém, Ansião, Alvaiázere, Castanheira de Pera, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Soure. Para a CIMRL, o objetivo com a criação desta ULS (que, segundo o novo estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS), é uma entidade «definida como estabelecimento de saúde ao qual compete garantir, no próprio estabelecimento, a prestação integrada de cuidados de saúde primários e hospitalares») é o de «melhor servir as populações numa área essencial, que são os serviços do SNS, que devem basear-se em modelos que privilegiam a descentralização, qualidade de serviços prestados à população, autonomia de gestão e o trabalho de equipa».
O presidente da Câmara de Porto de Mós, que é também vice-presidente da CIMRL, Jorge Vala, disse à Lusa que esta ULS «poderá eliminar os cerca de 50% de afluências indevidas às urgências» do Hospital de Santo André, em Leiria, «que tem uma média de cerca de 700 pessoas por dia» e que, segundo Jorge Vala, deverá ficar com somente 350. Para o autarca, a proposta «faz parte de uma estratégia» que os Municípios entendem «ser prioritária, tendo em conta a debilidade que existe em todo o sistema, sobretudo ao nível dos cuidados primários de saúde». Segundo Jorge Vala, a mais-valia é a formulação de «uma coordenação regional de todos os cuidados de saúde», feita, neste caso, a partir da administração do hospital de Leiria. Atualmente, explica, «não há vasos comunicantes» do CHL com os serviços de saúde regionais e, com a ULS, «obrigatoriamente, tem de haver, até porque o presidente da ULS é o presidente do conselho de administração do hospital». Jorge Vala disse esperar agora «uma resposta positiva» sobre a audiência pedida ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, para apresentar esta proposta, referindo as «boas experiências» de ULS noutros locais do país.
As restantes medidas apontadas pela CIMRL em comunicado e consideradas prioritárias passam pela construção do novo Centro Intermodal de Leiria ainda na 1.ª fase de construção da linha de alta velocidade para passageiros; a conclusão dos investimentos previstos no Plano Rodoviário Nacional, casos do IC8, IC9 e EN1; o requerimento de financiamento a políticas de carácter empresarial; o reforço de apoios no setor primário e na descarbonização dos transportes e ainda a criação definitiva do Museu Nacional da Floresta, na Marinha Grande. O documento agora aprovado será remetido para os Grupos Parlamentares, no sentido destas propostas serem avaliadas em sede de discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023.