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Remover o amianto é o melhor?

31 Janeiro 2019
Isidro Bento

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Isidro Bento

31 Jan, 2019

«Qualquer material com amianto pode constituir perigo significativo para os utilizadores do edifício onde esteja localizado?». Para André Maria Mendes Pascoal, essa é, de facto, a perceção que existe e que «pode ser o resultado de um desconhecimento sobre os materiais ou sobre a forma como o amianto está incorporado nos materiais se encontra», e que enquanto aluno de mestrado em Engenharia Civil – Reabilitação de Edíficios, procurou contrariar na tese defendida em junho de 2018, na Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa.

Assim, no seu entender, torna-se importante «compreender as formas como o amianto está incorporado nos materiais, e o contexto em que estes se encontram, sendo que a adoção de uma metodologia prática para avaliação do grau de risco pode tornar-se uma ferramenta valiosa» e isso foi uma das coisas que procurou fazer. Na tese, A problemática da utilização de materiais com amianto em edifícios, o agora mestre, mostra-se convicto de que é fundamental «desmistificar a ideia de que a remoção seja a única alternativa possível […], existindo para muitos casos outras alternativas igualmente eficientes sob os pontos de vista técnico e económico».

André Pascoal diz que «tem-se assistido a um alarmismo sobre a utilização de materiais com amianto em edifícios, nomeadamente em relação aos riscos para a saúde dos utilizadores desses mesmos edifícios» e que «tal alarmismo é muitas vezes empolado sem conhecimento de causa, levando muitas vezes a práticas despropositadas e que constituem, elas mesmas, um risco para a saúde de quem as realiza». Deste modo, defende, «torna-se necessário desmistificar a perceção de que qualquer material que contenha amianto num determinado edifício constitui risco elevado para os seus utilizadores, e de que deva ser pronta e necessariamente removido e substituído por outro».

Pascoal lembra que os materiais com amianto podem apresentar-se em estado friável ou não friável, sendo que «um material no estado friável desagrega-se naturalmente sendo facilmente pulverizado ou reduzido a pó, libertando as fibras imediatamente após a sua quebra», enquanto que um no estado não friável «tem uma probabilidade de libertação das suas fibras mais reduzida, atendendo a que é mais difícil a sua desintegração ou pulverização».

Tendo em conta que as placas de fibrocimento são um material em estado não friável, argumenta que a remoção só se justifica se o material se apresentar degradado. Fora isso há, segundo o especialista, três soluções melhores, mais seguras e mais baratas: a manutenção, o encapsulamento e o confinamento. A primeira consiste em «não realizar qualquer intervenção no material, mantendo o mesmo conservado no estado em que se encontra». A segunda passa pela «aplicação de produtos sobre os materiais de maneira a manter incorporadas neles as fibras de amianto, a restaurar a aderência ao suporte e a constituir uma película de proteção sobre a superfície exposta, aumentando também assim a sua durabilidade». A terceira e última consiste na aplicação de «uma barreira que separa o material com amianto do seu ambiente envolvente».

Num dos capítulos, o autor compara os custos das várias soluções técnicas e conclui que qualquer uma delas sai bastante mais barata que retirar o material, o que reforça a sua convicção, expressa no final, de que a remoção deve ser a derradeira opção até porque «atendendo ao índice de libertação de fibras essa soluções podem ser mais seguras em retardar o risco de libertação das fibras do que a própria remoção».

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