Repartição de Finanças de Porto de Mós em risco de fechar

9 Julho 2024

Isidro Bento

O alerta foi deixado na última sessão da Assembleia Municipal pela deputada não inscrita Sandra de Sousa e apanhou muita gente de surpresa: a Repartição de Finanças de Porto de Mós está em risco de fechar.

De acordo com a autarca, aquele serviço público que até à pandemia «estava a funcionar com cerca de 10 deputados» sofreu uma verdadeira razia em termos de pessoal. «Uns adoeceram, outros aposentaram-se, houve falecimentos também e neste momento temos um serviço a meio gás. Trabalham, apenas, quatro funcionários, cada um está responsável por uma área específica e um outro, pasme-se, é o chefe da repartição em substituição que acumula o serviço dele com o “património”», afirmou, complementando ainda que este último «sai de lá todos os dias às 7 ou 8 da noite, o que é desumano. Ele é uma pessoa muito pacífica, calma e não gosta de falar de si, mas sei que está em sofrimento».

E se a situação já é complicada, Sandra de Sousa acredita que se vai agravar mais nas férias de verão. «Como não têm quem os substitua, há serviços que vão ter mesmo de fechar», garantiu.

A ex-deputada do Chega reconheceu que «não é função do Município recrutar funcionários», pelo que apelou ao presidente da Câmara que interceda junto de quem de direito para manter o serviço em Porto de Mós e a funcionar em pleno. «Fala-se nos bastidores que vai passar para a Loja do Cidadão, na Batalha, e perder este serviço não seria bom para ninguém no concelho», disse, recordando que «além da Batalha ser um concelho muito mais pequeno e com muito menos freguesias, a Repartição de Finanças de Porto de Mós conta com excelentes condições e tem ao lado a Segurança Social». «Talvez pudesse, até, haver aqui uma pequena Loja do Cidadão», sugeriu.

Em resposta, o presidente da Câmara, Jorge Vala, mostrou-se duplamente surpreendido, confessando que desconhecia que o serviço local de Finanças «estivesse com falta de funcionários» e, muito menos, que «houvesse a possibilidade de ser transferido para a Batalha». Quanto à eventual criação de uma Loja do Cidadão, em Porto de Mós, disse que chegou a ser equacionada, inclusive a Câmara fez um projeto em conjunto com Agência para a Modernização Administrativa (AMA) com esse fim, mas não avançou «por recusa da responsável da Conservatória» em mudar para o espaço que estava reservado para tal.

«Nós encontrámos o espaço (o da incubadora de empresas) e o Município estava disponível para fazer ali obras, como, aliás, o fez. O problema é que a conservadora não quer sair de onde está e a AMA entende que não é possível avançar para uma Loja do Cidadão sem as conservatórias. Portanto, não havendo a possibilidade da senhora aceitar “ser transferida” não podemos teimar em querer uma Loja do Cidadão», justificou o responsável autárquico.

«Entretanto, vamos iniciar ainda este ano as obras de requalificação do espaço onde funcionou o Museu Municipal para aí fazer um Espaço Cidadão diferente, mais espaçoso e com outro tipo de atendimento. Questionámos a AMA sobre a possibilidade de o transformar numa Loja do Cidadão mas a resposta foi exatamente a mesma. É necessário que a Conservatória aceite. Não aceitando, não conseguimos fazer rigorosamente nada», concluiu Jorge Vala.

Foto | Isidro Bento

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