A figura do rei D. Manuel I (1469-1521) foi identificada num grafito nas Capelas Imperfeitas, no Mosteiro da Batalha, uma descoberta que «vai, certamente, ser de grande discussão e de grande sensação na História da Arte Portuguesa». Quem o diz é o responsável pelo achado, o investigador Alfredo Pinheiro Marques, explicando que a iconografia, «absolutamente invulgar», é contemporânea ao próprio rei.
De acordo com o historiador, «quer em termos fisionómicos, quer de uma série de adereços que tem, percebe-se que é a mesma figura daquilo que até agora era conhecido do rei D. Manuel I». Alfredo Pinheiro Marques identifica as feições, com o nariz «batatudo na ponta» e o queixo duplo, o «corte de cabelo em redondo sobre a testa, que é muito característico», a boina e respetiva joia como provas. Até agora, «as imagens seguras que havia do rei são duas iluminuras no Arquivo Nacional da Torre do Tombo» e ambas têm «sempre essa boina», com «uma joia que é inconfundível», explica. A «qualidade tão grande» do grafito é, para o investigador, algo «invulgar». «A hipótese», acredita, «é de que quem o tenha feito não seja um pedreiro normal das obras e sim algum mestre ou de cantaria ou de vidraçaria». «Tratar-se-á», portanto, «de um esboço a carvão que impregnou de tal maneira na pedra que sobreviveu». O retrato «está a cerca de dois metros e meio de altura», pelo que «passou despercebido» até agora.
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