Mira de Aire é uma das freguesias que integram o âmbito editorial da Revista Oito, uma publicação anual que quer «valorizar o território» e «celebrar aquilo que nós somos» enquanto habitantes do mesmo, tudo à volta de uma região que inclui divisões autárquicas de três concelhos distintos: União de Freguesias de Alcanena e Vila Moreira (Alcanena), Amiais de Baixo, Pernes (Santarém) e Mira de Aire (Poro de Mós), de acordo com o seu fundador, Ricardo Rodrigues.
A segunda edição do periódico, que saiu para o papel, pela primeira vez, em março de 2023, está agendada chegar às bancas, no máximo, até maio, com o custo de cinco euros, e parte dos lucros vão reverter, uma vez mais, para causas solidárias da região afeta à publicação.
Da primeira edição resultaram 400 euros, distribuídos igualmente pelos Bombeiros Voluntários de Mira de Aire, Associação ABC de Alcanena, Centro de Bem Estar Social da Serra de Santo António e Voluntários dos Animais de Amiais de Baixo, mas Rodrigues, fundador e jornalista, admite ao nosso jornal que, para esta edição e para as seguintes, «caso dê menos ou mais lucro», a verba será a mesma, mudando o número de associações apoiadas.
A Revista Oito tem o apoio de algumas juntas de freguesia, de empresas privadas e ainda o financiamento «residual» com as vendas em banca – está disponível na Casa da Cultura de Mira de Aire e na Junta de Freguesia -, o que parece escasso para as 132 páginas do periódico, que trata temas locais, «sobretudo histórias que estavam no esquecimento».
Em relação a Mira de Aire, já foram assunto Os Quarentões e o Polje de Mira-Minde, e virá a ser assunto, para esta segunda edição, o setor da tecelagem e a sua tradição na freguesia. Há ainda reportagens com um cunho mais histórico e outras mais atuais, «sempre com a ideia de valorizar o território» – tal como vai acontecer nesta segunda revista, cujo tema só será revelado no dia da apresentação. «Há uma grande desagregação cultural neste território, as pessoas não se interessam muito pelos temas mais profundos, vivem muito a espuma do dia-a-dia. A perspetiva é de salvar algumas histórias, histórias que se perdem, que não são registadas», confessa Ricardo Rodrigues.
A ideia surgiu inicialmente com o jornalista do Jornal Abarca, que é natural de Alcanena e que convidou a ilustradora, designer e fotógrafa Cristiana Silva, e a designer e paginadora Marlene Fazenda a fazerem parte da sua equipa – todos têm os seus respetivos trabalhos e criaram a revista no seu tempo livre, o que explica também os atrasos logísticos (a segunda edição estava planeada ser apresentada ainda em março). A ideia esteve a maturar até 2020, quando a chegada da pandemia de covid-19 dificultou o processo, mas, três anos depois, o balanço é positivo.
Partindo de Alcanena para as quatro freguesias, foi daí também que a revista conquistou o título: «Desde sempre que defendo que o feriado municipal em Alcanena não devia ser a quinta-feira de Ascensão, que é um feriado católico, e devia ser a data de fundação do concelho. Ora, Alcanena foi fundada a oito de maio de 1914. A partir daí, é quase irrelevante para a vida da revista», explica o fundador.