A fábrica Rosários 4 acolheu na passada sexta-feira, 28 de julho, a estreia do espetáculo performativo A Infinda Apetência da Luz do Sol, da responsabilidade do ator e também encenador Eduardo Molina. Esta peça foi o culminar de uma residência artística de várias semanas naquelas instalações de Mira de Aire no âmbito do Manufatura, um programa da Leirena Teatro em parceria com a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e com o Município, que tem como objetivo unir as vertentes artística e empresarial através do mecenato.
Se aquela sexta-feira já era inevitavelmente de festa, não fosse a data marcada pelo 44.º aniversário da Rosários 4 e pelo último dia de trabalho antes da pausa laboral para férias de verão, o espetáculo ao qual Eduardo Molina deu corpo e no qual participaram vários colaboradores não deixou nenhum dos mais de 100 elementos do auditório indiferentes.
A Infinda Apetência da Luz do Sol esteve em palco, mas não num palco qualquer. Foi precisamente no armazém da Rosários 4 que os artistas tiveram a oportunidade de atuar diante de uma “plateia móvel”. Com apenas 10 lugares sentados, estrategicamente posicionados e reservados para os “mais prioritários”, quem assistiu foi desafiado a ficar de pé com um objetivo muito claro: mover-se pela fábrica, senti-la, sê-la e fazer diretamente parte do espetáculo. O ambiente fabril escuro e misterioso, os fios ali produzidos caídos pelo chão e os jogos de som, luzes e sombras proporcionaram um ambiente “confortavelmente desconfortável” e fizeram com que a atenção do público se centrasse a todo o instante nos diversos monólogos e espaços de leitura inscritos no guião.
No rescaldo da atuação, Eduardo Molina considerou esta «uma oportunidade muito especial», sobretudo por ter feito «uma residência artística num espaço pouco convencional» e ter criado «um texto original», com o qual assume ter conseguido «ligar todos os elos, essencialmente por ter havido uma grande abertura por parte dos funcionários da fábrica que de imediato se disponibilizaram a entrar no espetáculo com textos baseados nas suas histórias de vida e a partir dos quais foi possível misturar a realidade com a ficção».
A O Portomosense, Liliana Carvalho, diretora de marketing da Rosários 4, a primeira empresa mecenas do Manufatura, deixou também um balanço positivo: «Estamos mesmo muito contentes com o resultado. Como fomos a primeira empresa a apoiar o projeto, as nossas expectativas estavam indefinidas, era tudo novidade. Mas este foi um momento bonito, repleto de partilha e todas as pessoas estiveram disponíveis para aceitar esta experiência num espaço improvável», anotou.
Ao nosso jornal, a responsável salientou a relevância do 44.º aniversário da Rosários 4, «uma empresa que se tem destacado numa zona onde a indústria não é o setor mais forte», mostrando-se especialmente orgulhosa com esta data. Questionada sobre a continuidade do apoio a este projeto, Liliana Carvalho garantiu que a Rosários 4 «quererá certamente manter as portas abertas».
Foto | Luís Vieira Cruz