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Rotary Club de Porto de Mós homenageia profissionais José Alves e Susana Brito

4 Abril 2023
Isidro Bento

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Isidro Bento

4 Abr, 2023

O Rotary Club de Porto de Mós realizou, no dia 24 de março, a cerimónia de reconhecimento do profissional de carreira do concelho e do profissional do ano. Este ano, os distinguidos foram José Alves e Susana Brito, respetivamente.

José Alves Santos, oleiro de profissão, natural e residente na Tremoceira, tem 65 anos e desde os 12 que trabalha nesta arte. Filho e neto de oleiros, é uma das raras pessoas do concelho que ainda trabalham de forma regular na roda de oleiro e o único da freguesia das Pedreiras, facto que inspirou o realizador Fábio Oliveira a fazer dele o protagonista de um documentário que intitulou como O Último Oleiro, que desde novembro de 2022 já conseguiu várias menções e prémios em festivais internacionais.

Enquanto oleiro, José Alves já representou o concelho em eventos nacionais e internacionais e conta com várias presenças em programas de televisão. A par da profissão integrou a direção do Lar da Cruz da Légua e a Associação dos Artesãos das Serras de Aire e Candeeiros, tendo colaborado com o Rancho Folclórico das Pedreiras e com outras instituições e movimentos locais.

Susana Brito, 51 anos, é natural das Brancas (Batalha), mas desde 1995 que fixou residência na freguesia da Calvaria de Cima, onde casou e formou família. Em 2007 fundou com o seu marido, Artur Fidalgo, a empresa Arfil Trucks que se dedica à reparação e manutenção de camiões, assegurando ela a coordenação das áreas administrativa e financeira.

Além da carreira empresarial, Susana Brito, é (re)conhecida pela sua intervenção social não só acolhendo em sua casa, e desde há muitos anos, jovens institucionalizados mas, também, pela participação ativa em vários movimentos locais. Integra a Assembleia de Freguesia e preside ao conselho fiscal do Centro de Dia da Calvaria de Cima. É catequista há mais de 20 anos e integrou o Conselho Económico da respetiva paróquia.

“Arte milenar tem de ser protegida e valorizada”

Cumpridas as formalidades rotárias e ouvidos os currículos dos homenageados houve os discursos na praxe. O presidente da Junta de Freguesia da Calvaria de Cima, Luís Silva, falou de Susana Brito como «uma pessoa de coração aberto que está sempre disposta a ajudar, uma pessoa de onde só vêm coisas boas». «Para mim é um orgulho que seja homenageada hoje uma pessoa da minha freguesia como profissional e como pessoa», disse.

Pedro Custódio, o presidente do Rotary Club de Fátima, começou por expressar a sua satisfação por, nessa noite, estarem a ser alvo de reconhecimento público «dois exemplos muito bons para o concelho pela ação que fazem em termos sociais e económicos». O empresário de Mira de Aire fez um rasgado elogio a José Alves recordando que se conheceram numa altura em que a sua empresa corria o risco de entrar em incumprimento perante um grande cliente e alguém o aconselhou a procurar ajuda em José Alves. O empresário mirense assim o fez e não podia ter ficado mais satisfeito. Desde essa altura ficou a amizade e uma gratidão imensa porque este tipo de ajuda para «uma empresa que corre o risco de penalizações por parte de um cliente por ter ficado sem produto para fornecer é de um valor incalculável», sublinhou.

«Andamos atrás das tecnologias e, de facto, temos de evoluir tecnologicamente, mas o valor daquilo que este homem e a família fazem é enorme e tem de começar a ser valorizado», disse, acrescentando que «o trabalho que aqui é feito, associado a uma marca de luxo, seria altamente valorizado em determinados mercados e uma peça que se vende a três euros passava a vender-se a 300, porque tem uma história por trás, uma família, uma arte e um esforço, que são de valor incalculável em determinados mercados».

Aproveitando a presença do presidente da Câmara, Jorge Vala, o empresário pediu que tenha tudo isto em conta e faça o que estiver ao seu alcance para preservar aquilo que é «um património da humanidade».

Curso de olaria para desempregados

Jorge Vala deu os parabéns a Susana Brito «pela homenagem e pela extraordinária empresa que construiu com o seu marido e que leva o concelho de lés a lés de Portugal», afirmando que a distinguida, «enquanto empresária, mulher de armas e de causas», é merecedora deste reconhecimento público. De José Alves recordou «uma carreira inigualável» e o facto de ser «o último oleiro da freguesia». Em resposta a Pedro Custódio, disse que o Município está a trabalhar num projeto de valorização desta arte milenar, precisamente com o apoio do homenageado. «Temos a hipótese de avançar, através do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) com um curso de formação nesta área, para desempregados, e o José Alves está disponível para os ensinar, assim eles queiram aprender», afirmou, revelando que vai reunir esta semana com a diretora do IEFP de Leiria, para abordar este tema».

Por último, interveio Cátia Silva, a presidente do Rotary local, que se confessou «de coração cheio e feliz» por mais uma vez serem distinguidos «duas pessoas de mão cheia». «Acerca da Susana, adorei ouvir dizer que “não sabe dizer mata mas que esfola”. É uma mulher que além de ser empresária, gestora e mãe arranja sempre tempo para estar disponível para ajudar o outro e isso é algo a que nós, rotários, damos muito valor», realçou.

Quanto a José Alves destacou «um grande homem que põe a sua arte ao serviço dos outros, sempre disponível para ajudar e que tem demonstrado uma enorme resistência». «Tendo nascido também na Moitalina, lembro-me que nos anos 1980 em quase todas as garagens havia uma olaria. Agora temos pelo menos duas empresas grandes exportadoras e eu achava isso espetacular e confesso que não me apercebi que esta arte, a do oleiro, estava a terminar», disse ainda.

Já quase no final, Susana Brito felicitou o Rotary «pelo excelente trabalho que tem desenvolvido» e agradeceu o reconhecimento público de que foi alvo, bem como as palavras ouvidas aos vários oradores. «Como aqui foi dito, o meu pensamento está sempre no bem e em ajudar o próximo e assim continuará», garantiu. Por sua vez, José Alves disse estar «sem palavras perante este reconhecimento e por ter sido escolhido», agradecendo também tudo o que foi dito sobre si.

No decorrer da cerimónia, foram visionadas imagens que ilustram o percurso de cada um dos homenageados e o documentário O Último Oleiro.

Fotos | Isidro Bento

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