Foi no centro da vila de Porto de Mós que encontrámos Rui Filipe, empresário do ramo da Hotelaria que nasceu em Lisboa mas que chegou ao concelho quando ainda tinha apenas 5 anos de idade. E foi por cá que passou maior parte da sua vida: a infância foi passada no restaurante que os seus pais tinham, em conjunto com um tio, negócio que desde cedo lhe abriu as portas e o gosto pela área da Restauração. Durante a adolescência estudou na Vila Forte, mas o sonho de ingressar no Ensino Superior reservou-lhe outras paragens.
Depois de os seus pais fecharem o primeiro restaurante, a decisão passou por reabri-lo naquele que é agora O Rossio, um espaço de Alojamento Local. Na altura, o restaurante de nome O Filipe e os quartos que tinham por cima deram asas ao que seria o futuro de Rui: ir estudar na área da Hotelaria, mais precisamente no curso de Restauração e Bebidas. Em 1992 os seus pais fecharam o restaurante e Rui partiu em direção à cidade dos estudantes, Coimbra, onde por lá ficou mais quatro anos.
Findo esse período, decidiu retomar a Porto de Mós e com a família embarcou num novo projeto, ampliando a zona do restaurante e os respetivos quartos, dando forma à residencial no Rossio e à criação de um bar.
Além do apoio que dava ao negócio familiar, Rui começou também a dar formação na sua área, conjugando assim a Hotelaria com a formação. Primeiro lecionou em diversas empresas, depois dedicou-se a formar jovens nas escolas. O seu percurso no Ensino iniciou-se na Escola Profissional das Caldas da Rainha, onde se manteve cerca de sete anos.
A par da formação nesta escola, Rui também geria o bar que se situava na Residencial: o tão afamado Fugas Bar. O empresário confessa que conciliar ambas as ocupações foi algo feito com «um bocado de esforço» e houve alturas em que chegou mesmo a ser «um bocadinho pesado», já que as distâncias percorridas eram grandes e o bar exigia um grande número de horas de trabalho diárias, pois «o Fugas acabou por ser um local de referência para os portomosenses e não só» durante os seus cerca de 11 anos de funcionamento. Corria o ano de 2011 quando o portomosense decidiu mudar um pouco o rumo da sua vida: fechou o bar e deixou a escola das Caldas da Rainha. Rui revela que ainda hoje lhe fazem perguntas como “Porque é que fechaste o bar?” ou “Quando reabres o bar?”, uma vez que aquele espaço acabou por «marcar uma época».
O encerramento foi «bastante repentino», assume. Logo de seguida, abraçou mais um desafio de âmbito formativo, tendo lecionado durante um ano na Escola da Nazaré e posteriormente na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister de Alcobaça (EPADRC), onde se mantém até aos dias de hoje.
Com o novo emprego em mãos, o professor e empresário conseguia conciliar a ajuda da família na gestão da residencial. Uns anos mais tarde, entre 2015 e 2017, o negócio esteve interrompido mas as instalações foram remodeladas, tendo reaberto já com o selo de Alojamento Local.
Atualmente, está menos dedicado à parte da formação e mais ao alojamento, uma vez que este «felizmente está a trabalhar bem». Ultimamente tem alimentado uma outra paixão: o mundo automóvel, mais propriamente os ralis, atividade, a que está inserido, «de uma forma muito amadora», diz, e aos passeios de carros clássicos, assumindo o cargo de vice-presidente do Clube Automóvel de Porto de Mós. Uma função que «exige um pouco mais» no que toca à organização de provas e eventos, explica.
Rui afirma que, como o alojamento e as reservas são imprevisíveis, acaba por dar mais valor ao tempo livre que tem e ao tempo que pode desfrutar de fazer o que gosta, mas destaca que prefere os imprevistos e a flexibilidade que tem em termos de horários na área da Hotelaria do que ter uma vida muito rotineira. Apesar da área da Restauração e da Hotelaria ser «um pouco difícil» por vezes, Rui afirma que por outras torna-se «terapêutica» devido ao contacto com o público e com as pessoas, algo que aprecia bastante.
Por fim, Rui Filipe revela que não se consegue ver a fazer outra coisa uma vez que está «nisto desde criança». Quanto ao futuro, afirma que «sonhar faz parte da vida para atingir objetivos» mas atualmente está «numa fase de consolidação» e de abrandamento, uma vez que apesar das adversidades tenta sempre viver da melhor forma e a fazer sempre coisas de que gosta.