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Rui Marto critica postura de presidente da Câmara de Porto de Mós

4 Novembro 2022
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

4 Nov, 2022

«O concelho pode sempre contar connosco, não podem é achar que a nossa única obrigação é levantar o braço favoravelmente, sob pena de o senhor presidente [da Câmara] ficar chateado. No dia em que sentirmos que a nossa única função é essa, vamos embora». É com esta declaração que o vereador Rui Marto, em representação da oposição (PS) no executivo municipal, termina a sua avaliação do primeiro ano deste mandato. O socialista, que afirma que se tem criado «uma boa dinâmica entre os elementos da vereação» e «pontos de contacto interessantes com os elementos do PS na Assembleia», lança fortes críticas ao atual líder camarário.

«No mandato anterior, o PSD ganhou de uma forma clara, mas na sequência de uma eleição estranha, em que havia um grupo que se dividiu em dois», não tendo conseguido a maioria absoluta. «Hoje, mais do que na altura, estou convencido que a única forma que o senhor presidente alguma vez pensou [em usar para viabilizar a governação] foi aquela [de dar pelouros a Marco Lopes, contando assim com o seu voto], porque não se predispõe a negociar nada com ninguém, a apresentar de forma atempada e de uma forma que se consiga pensar e dar achegas», aponta. Como exemplo, Rui Marto queixa-se que, «sistematicamente», os documentos chegam aos vereadores «na segunda-feira à noite, às vezes quase à meia-noite», para serem discutidos na quinta-feira. «Ninguém consegue fazer isso», afirma.

“Atitude mudou para pior”

Rui Marto diz ainda que, neste mandato, em que «o senhor presidente e o PSD conseguiram a tão almejada maioria absoluta, a sua atitude mudou ainda para pior». «Foi no imediato tomada uma atitude que, a meu ver, lhe ficou muito mal e demonstrou bem com o que podíamos contar», começa por dizer, referindo-se a um pedido de Paulo Nobre, também vereador do PS, para que as reuniões pudessem ser na quinta à tarde, e não de manhã, por motivos «estritamente profissionais» e «automaticamente o senhor presidente Jorge Vala disse “Está fora de causa”». A este exemplo, junta o momento de votação do regimento, em que votaram «contra a forma exclusiva de receber os documentos por via digital, sem que sejam dados quaisquer elementos para os trabalhar. Sejam os documentos do tipo que forem, terão de ser trabalhados com meios próprios, quer de hardware, quer de software e não houve qualquer abertura para fazer uma transição». Também «quando foi da delegação de competências» e pediram para, quinzenalmente, ser informados acerca do processo, «foi mais uma vez rejeitado pelo senhor presidente». «Depois temos, ao longo dos últimos tempos – o ponto alto foi na reunião pública, nas Pedreiras –, feito uma série de questões e o senhor presidente não respondeu a nenhuma, mas desancou principalmente um dos elementos da oposição. Isso demonstra que tem uma forma de estar que não é de maioria absoluta, mas de absolutismo», diz.

O vereador dá ainda «um exemplo bastante elucidativo da forma como a oposição tem sido tratada»: «Há um ano, votámos favoravelmente o orçamento. Neste momento, já houve sete alterações e duas revisões e o PS nunca mais foi visto nem achado. As alterações são da exclusiva competência do senhor presidente, que as faz quando lhe apetece, nos modos que quer. Já as revisões, nessas não tem escapatória, têm que ir a reunião de Câmara e Assembleia Municipal», explica. «Para a rua, o que conta é o presidente, mas todos sabemos que, na realidade, se houver responsabilidades a assumir, vamos os sete assumi-las em conjunto. Portanto acho que, por vezes, devia haver outro tipo de atitudes do senhor presidente, mas já não percebo se ele não quer discutir porque acha que sabe tudo ou porque tem medo de perceber que, do outro lado, há ideias divergentes que até podem ser melhores», atira.

Rui Marto esclarece ainda o facto de «muitas vezes ser tocado a megafone» que o PS vota «sempre contra»: «Temos votações contra na ordem dos 1 a 2%, estive a dar uma vista de olhos nas atas e, se tivermos 15 pontos, por norma temos um ou nenhum voto contra e, eventualmente, uma abstenção. Houve situações, nas últimas reuniões em que esta situação tem deixado de ser a norma, porque se tem sentido que, na sequência do que já falei, da governação em poder absoluto, há situações que não têm sido minimamente claras. Há muitas situações que são atabalhoadas. Votamos contra sempre que entendemos que o devemos fazer, seja por falta de transparência, seja por trapalhada, seja por discordarmos mesmo do fundo da questão», remata.

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