O pedido de suspensão apresentado por Rui Marto foi para um período de seis meses (num mandato de quatro anos que ainda nem sequer vai a meio), no entanto (quase) todo o discurso dos intervenientes soou a despedida. O vereador do PS, cabeça de lista à Câmara nas últimas autárquicas, sai ao fim de 16 meses, por motivos profissionais, mas sob rasgados elogios do presidente do Município, Jorge Vala.
Aquando da análise do pedido por parte do executivo camarário, Jorge Vala (e com o vereador ausente da sala por imposição legal), fez questão que ficasse registado em ata «a forma séria, frontal e a colaboração efetiva» que sempre teve da parte do vereador socialista. «Solicitei variadíssimas vezes a colaboração do engenheiro Rui Marto numa área que lhe é bastante próxima [o setor das obras] e em que nenhum dos restantes elementos do executivo está tão à-vontade e ele sempre que podia, estava totalmente disponível para colaborar», disse.
Jorge Vala sublinhou, ainda, que «o engenheiro Rui Marto foi sempre parte integrante deste executivo mesmo sem pelouros» tendo havido desde a primeira hora a preocupação de o fazer «participar nas várias áreas de responsabilidade». «Fez parte e interveio ativamente enquanto membro do júri do Orçamento Participativo e tem feito parte do júri da seleção dos lotes das zonas industriais do concelho», exemplificou o presidente da Câmara.
Por tudo isto, Jorge Vala, deixou o público agradecimento pela «disponibilidade, a frontalidade e, naturalmente, a colaboração que o executivo teve sempre» por parte de Rui Marto.
No final da reunião, o até agora vereador começou por agradecer ao presidente a oportunidade de poder «dizer de viva voz» os motivos que o levaram a pedir a suspensão de mandato, uma vez que por força da lei não tinha podido justificar-se perante a restante vereação antes da votação, “regra” que, irónico, considerou «notável»
«Não suspendo o lugar zangado com ninguém nem por motivos fúteis. É apenas e só uma questão profissional. Quando saio para a vir às reuniões deixo todos aqueles profissionais, a quem dou apoio diário, a trabalhar, e o normal será ser último a sair e não o primeiro. Isto e o facto de vir a uma reunião e não à outra, estava-me a causar confusão e desconforto, e então é a melhor solução. Em agosto talvez volte”, explicou.
Bem-disposto, acrescentou: «Os presidentes de junta que me telefonavam podem continuar a telefownar e os que não telefonavam, podem começar. Quanto ao senhor presidente pode, igualmente, continuar a ligar e a contar com alguma achega que considere pertinente porque quando pede, fá-lo a pensar no concelho de Porto de Mós».
Em declarações posteriores à Rádio Dom Fuas, Rui Marto reforçou a ideia de que não estava a conseguir ter «a assiduidade nas reuniões e o trabalho que o lugar e a própria população exigiriam» e sendo assim seria melhor fazer uma pausa porque neste momento já não é «profissional da política mas da engenharia» e nesta nova realidade «a política fica para segundo plano».
Quanto ao balanço que faz destes 16 meses de mandato, Marto reconhece que não terá correspondido «a uma oposição acérrima e aguerrida contra tudo e contra todos» como alguns estariam à espera, tendo, antes, procurado desempenhar o papel de vereador com «a apresentação de propostas e sugestões de modo a melhorar as condições de vida das pessoas do concelho».
«Sempre que entendi propus algumas alterações que considerava pertinentes e outras vezes discordei frontalmente [do executivo PSD], tudo dependia daquilo que estava em causa e do que considerava ser o melhor para o concelho», justifica. «Penso que o balanço é positivo mas deixo que sejam os munícipes a fazer essa avaliação», acrescenta, deixando uma garantia: «Isto não é uma abandono de Porto de Mós nem da política, é, apenas, a suspensão de mandato. Vou continuar atento e a dar as minhas achegas sempre que considere necessário.».
O lugar deixado vago já foi, entretanto, preenchido por Anabela Martins, advogada de Mira de Aire, que durante os dois últimos mandatos de João Salgueiro desempenhou as funções de vereadora da Educação.
isidro bento | texto
Iolanda Nunes