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Rui Neves deixa sessão da Assembleia Municipal de Porto de Mós “a meio”

17 Outubro 2022
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

17 Out, 2022

«Não quero ser um figurante da Assembleia Municipal (AM), porque com muitos ou poucos, nem isso me interessa, fui eleito com os votos da população do concelho. Recuso-me a esse papel e o que tinha para fazer, hoje, aqui, nesta sessão, já o fiz. Muito boa noite». Foi com esta declaração que o deputado Rui Neves (PS) terminou a sua intervenção e abandonou a sessão da Assembleia Municipal de Porto de Mós, que decorreu no passado dia 30, no Cineteatro de Porto de Mós. Esta posição do deputado socialista veio em consequência de um pedido feito por si, «há cinco meses, sensivelmente, na sessão de junho», de documentos, pedido esse que, até agora, não terá sido atendido. «Eu solicitei, via presidente da AM, comprovativos ou suporte documental justificativo de despesas inerentes à transmissão televisiva alusiva às Festas de São Pedro», começou por explicar, acrescentando que a resposta veio «via assessor do senhor presidente, um dos assessores, que remeteu informações para a funcionária», que depois lhe fez chegar a resposta dizendo o mesmo «que foi dito na última sessão de junho», ou seja, que não há contratos.

Rui Neves criticou, assim, o «pormenor de funcionamento» que obriga a que os deputados peçam esclarecimentos, oficialmente, através da presidente da AM, recebendo depois respostas por outras vias: «Já lá vão cinco meses e a senhora ficou de me esclarecer esta situação, porque eu pedi através de si, e estamos exatamente na mesma», disse, dirigindo-se a Clarisse Louro, num ponto que já havia apontado noutras sessões. Por outro lado, além da forma, apontou o conteúdo: «Eu não sei se as emissões são clandestinas, o que é um facto é que eu vejo responsáveis autárquicos e, portanto, penso que, com tanta gente que vem da empresa de meios audiovisuais e dá o suporte e que trabalha até às oito da noite, com certeza que custará [algum dinheiro]», afirmou.

O deputado rematou, ainda, dizendo que foi «presidente numa sessão legislativa» e que «nunca» viu «a sonegação de documentos»: «Acho que não há nada a esconder», atirou. «Uma democracia não pode sobreviver se estes fóruns de discussão forem lugares onde as pessoas têm receio de falar, de mostrar transparência», concluiu. Rui Neves optou, de seguida, por sair da sala, abandonando os trabalhos.

Terminado o tempo de intervenção do público e ainda antes de dar a palavra ao presidente da Câmara, a presidente da AM, Clarisse Louro, afirmou, a propósito do sucedido, que «é preciso ter um bocadinho de respeito pela AM». «As pessoas têm o direito de abandonar [a sessão}, se assim entenderem – não cumpriu até ao fim, terá falta –, não têm é o direito de fazer questões para podermos responder e, depois, ir embora. Por isso, estas questões ficarão para serem respondidas ao senhor deputado», afirmou. Apesar das declarações de Clarisse Louro, o presidente de Câmara, Jorge Vala, optou por responder. «Aquilo que tenho para dizer é que o senhor doutor Rui Neves pediu-nos os contratos, nós não temos contratos. Se tivéssemos, enviávamos», explicou. Jorge Vala disse lamentar a saída do deputado socialista da sessão, «extemporaneamente e sem ouvir a resposta». «O senhor doutor Rui Neves não se conforma [com a resposta que temos para lhe dar]. É uma questão que, digo eu, se calhar, ainda tem a ver com o dia 26 de setembro do ano passado [as últimas eleições autárquicas] e é uma pena que assim seja. Revelou hoje o seu caráter democrático», acusou o autarca.

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