É certo e sabido que anda toda a gente ansiosa por convívio, por festas, por eventos, por estes significarem algum regresso à normalidade. Há quem mantenha “religiosamente” a máscara e quem se tenha decidido a usá-la apenas quando é estritamente obrigatório, por considerar que é preciso aprender a viver com “isto”. Sim, isto. Já pouco se ouve “COVID-19”. Porque outros problemas nos assolam os pensamentos, porque outras guerras tomaram conta dos noticiários, mas também porque nos habituámos a esta realidade e, por vezes, até nos esquecemos que a pandemia continua por aí e nem sempre, quando sentimos o nariz a pingar ou o corpo dorido, pensamos de imediato na necessidade de ir fazer um teste.
As pessoas estão sedentas de animação, de convívio, de voltar ao que conhecem, de ter novamente agitação nas suas terras, nas suas associações. Certo, tudo certo, percebo isso e também o sinto. Mas parece que estamos a entrar num frenesim de querer, em pouco tempo, recuperar dois anos de paragem. De repente, no mesmo fim de semana, temos de fazer festivais de sopas, bailes, provas desportivas, apresentação de peças de teatro, vendas de coscorão e mais um sem fim de pequenas coisas, por vezes até na mesma freguesia. Os exemplos são diversos. A 29 de maio, houve festival de folclore no Arrimal, uma prova automóvel nas Pedreiras e a Taça de Portugal de Downhill na Ribeira de Cima, sendo os horários muito semelhantes. A 17 de julho, um concerto no Parque de Campismo do Arrimal e uma prova de downhill urbano no centro da vila de Porto de Mós. A 24 de julho, um encontro de motorizadas em Serro Ventoso e um concerto em Telhados Grandes. Já este domingo, 18 de setembro, um trail na Corredoura, no mesmo fim de semana em que acontece o Festival Viver em Mira de Aire. E no fim de semana seguinte, a situação repete-se. Encontro de Tocadores de Concertinas na Barrenta e Festa do Freguês no Juncal. Estes são alguns exemplos em que excluímos arraiais e pequenas festas ou eventos das coletividades, assim como ações mais específicas como inaugurações, por exemplo.
Sabendo que não há fins de semana suficientes para todos os eventos, não seria possível, no final ou no início do ano, reunir as associações e concertar calendários, ainda que possam ser, nessa fase, provisórios? Não poderia chegar-se a um entendimento para que os eventos não fossem constantemente sobrepostos, beneficiando assim o concelho e a organização de cada uma das iniciativas? Far-se-á já isso, havendo os “fura planos” que continuam a organizar tudo a seu bel-prazer, sem reparar na calendarização previamente combinada? Respostas para estas questões não tenho, não sei sequer se seria possível algo desta dimensão, porém acho que todos saíam a ganhar se os eventos tivessem dias, ou pelo menos horários, diferentes, ainda que quem quer ver teatro nem sempre se interesse por futebol, ou mesmo que os amantes de música não sejam apreciadores de provas de bicicletas.