Numa gaveta. Foi aqui que durante cinco anos repousou a história escrita por Salomé Pinto, a pedido do seu filho para um trabalho da pré-escola e que acabou elogiada por todos. Os anos passaram e a história, que foi construída para ser lida em ambiente escolar, transformou-se e hoje é um livro. Desculpa e Por Favor é o nome da obra, destinada ao público infantil, que foi apresentada no passado sábado, dia 10, no Cineteatro de Porto de Mós. «Um jogo de palavras», é assim que a autora, natural da Nazaré mas a viver há vários anos nas Pedreiras, descreve o seu primeiro livro, uma obra onde constam as “palavras mágicas” – que dão forma ao título – «tão importantes no nosso dia-a-dia e que por vezes se perdem». É por isso que deixa um apelo: «Vamos ensiná-las às crianças para que não se esqueçam delas e para que as crianças não nos deixem esquecer que elas existem», sublinha.
Embora tivesse estado vários anos guardada numa gaveta, Salomé Pinto nunca se esqueceu da sua história. Aliás, quando durante o confinamento soube da existência de um concurso literário, pensou logo na possibilidade de candidatar aquela história e, de imediato, contou com o incentivo do filho. Depois de descobrir que a data de anúncio do vencedor era no dia de aniversário do filho, Salomé Pinto obteve a força que lhe faltava para se candidatar. Não podia ser uma mera coincidência, pensou. A verdade é que o derradeiro dia chegou e não foi o seu nome o anunciado. «Desiludida? Talvez, mas acho que era mais por dizer ao miúdo que a mãe afinal não era assim aquela heroína», conta. Dias mais tarde, eis que o inesperado acontece: «A editora Cordel D’Prata contactou-me a dizer que a obra não tinha sido a vencedora, mas que era muito boa e queriam editar». Para a autora esta foi uma vitória e deixou uma reflexão: «Não deixem de sonhar, acreditem», frisa.
Durante o processo de conceção do livro, Salomé Pinto destaca a rápida reação do presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, que «prontamente respondeu» ao seu e-mail e lhe deu a garantia que o Município a iria ajudar. «É muito por conta disso que estou aqui hoje. Consegui pôr o sonho a voar. Foi um sonho que esteve na gaveta cinco anos e agora já voa», sublinha. Na apresentação, esteve a vereadora da Educação, Telma Cruz, que parabenizou Salomé Pinto pelo lançamento do livro, um projeto que classificou como tendo sido uma «agradável surpresa»: «Eu já conhecia a sensibilidade da Salomé para trabalhar com as crianças, agora a sua sensibilidade para a escrita não conhecia. Gostei muito», sublinhou.
No final da apresentação e depois de fazer os devidos agradecimentos, Salomé Pinto fez um pedido comovido ao público presente: «Por favor leiam a história e, pelo menos, leiam a uma criança para que tudo isto tenha valido a pena». A escritora deixou ainda em aberto a possibilidade de haver um segundo livro: «A vida dá as voltas necessárias para que as coisas aconteçam no tempo certo e para que tenhamos a maturidade certa para delas desfrutarmos. Este foi o tempo certo para estas “palavras mágicas”. Se haverá outras? Quiçá…».