Sandra de Sousa, eleita pelo Chega para a Assembleia Municipal de Porto de Mós nas últimas eleições autárquicas, desvinculou-se do partido, passando, a partir de agora, a agir como «atriz independente». Em declarações ao nosso jornal, na manhã de hoje, Sandra de Sousa explicou que discorda «de algumas posições políticas tomadas» e que, por isso, «deixou de fazer sentido» ser militante: «Desde o momento em que me vinculei ao Chega, acreditava ser o partido da mudança, que lutava contra a corrupção, coisas que estavam mal no nosso país, e que seria esse partido que faria toda a diferença. Ainda acredito, naturalmente, mas comecei a discordar do caminho [que está a ser feito]. Concordo com a vertente conservadora, da história, da democracia cristã, mas há um certo radicalismo de algumas pessoas com o qual não me identifico», começou por explicar.
A deputada referiu ainda «o nepotismo», ou seja o favoritismo excessivo para com parentes ou amigos, que é repudiado pelo Chega, tendo Sandra de Sousa dito que «há família dentro do partido». «A própria distrital está muito dividida e isso também não é bom. Há alguma toxicidade que não faz bem a ninguém, há aquelas disputas – e eu estou completamente à margem de tudo isso – por lugares e o tal extremismo e radicalismo de algumas pessoas com que eu, de todo, não me identifico», adianta. A juntar a estes motivos estão ainda outros de ordem profissional. Ter abraçado um novo projeto que a obriga a diversas viagens ao Algarve faz com tenha deixado «de ter tempo para a distrital», onde era «candidata à jurisdição», além de ser responsável pela concelhia do partido.
Sandra de Sousa salienta que mantém «os ideais de direita», mas que é agora «muito mais livre para olhar para todos os portomosenses, sem olhar a cores políticas, sociais ou religiosas». A deputada explica que ao fazer-se militante, o que pretendia era «uma aprendizagem e ajudar um partido pequenino a ganhar um lugar, a ficar enraizado no nosso sistema político português, ajudar o partido a crescer» e que nunca teve «intenção de fazer carreira na política». Sandra de Sousa diz ainda que alguns dos elementos do partido «lamentaram imenso» a sua saída e «pediram que reconsiderasse», porém «a decisão já estava tomada».