O ditado popular diz que “não há duas, sem três” e no caso da inauguração do fornecimento de água aos lugares de Espinheiro, Moliana e Covão do Frade, na freguesia de São Bento, falta pouco para se tornar realidade. Fonte da autarquia garante que isso é coisa que não vai acontecer mas a verdade é que o mesmo melhoramento já foi inaugurado duas vezes em escassos cinco meses.
No dia 27 de junho, e tal como O Portomosense noticiou na edição de 4 de julho, deu-se a primeira inauguração. No dia 24 de novembro aconteceu a segunda, em moldes não muito diferentes da primeira. Os mais cínicos dirão que a única grande diferença é que enquanto em junho se abriu uma boca de incêndio de onde jorrou a tão almejada água do abastecimento público, agora em novembro, os autarcas descerraram a placa evocativa desse momento histórico para a população dos três lugares e aproveitaram para fazer os discursos da praxe até porque desta vez havia mais gente a assistir. Entre um momento e outro parece que o que mudou de facto em termos de melhoramentos para a população foi que agora além da água há também um tapete de alcatrão novinho em folha e isso, segundo a nossa fonte, faz toda a diferença. Pecadilhos de autarcas e de governantes portugueses à parte, este foi, apenas, o primeiro momento de uma manhã repleta de inaugurações para todos os gostos.
Depois de descerrada a placa que marca a chegada da água, o presidente da Junta de São Bento, Tiago Rei, agradeceu ao presidente da Câmara e restante executivo por terem tido esta iniciativa e por pensarem «em projetos que vão ajudar a resolver problemas sentidos pela população». Por sua vez, o presidente da Câmara, Jorge Vala, manifestou «o grande contentamento na concretização desta obra» explicando que a sua equipa colocou «como prioritária a conclusão do abastecimento a São Bento e consequentemente a toda a população do concelho e está aqui uma parte importante porque estamos a falar de 63 casas servidas, ficando a faltar mais dois ou três lugares da freguesia para concretizar essa ambição».
De acordo com o autarca «este [fornecimento de água e novo tapete de asfalto] é um investimento significativo que custou aos cofres do Município cerca de 300 mil euros» porque o atual executivo entendeu «que era importante também dar condições diárias à população» e porque tendo vindo a apostar no turismo da natureza, «para que resulte, é fundamental que as pessoas possam chegar aqui facilmente».
“Sambentonenses vivem longe mas não estão esquecidos”
Jorge Vala deu «os parabéns à Junta pelo trabalho que tem estado a realizar» e disse que poderá contar com a colaboração da Câmara sem esta «estar a olhar se tem mais ou menos eleitores mas investindo onde efetivamente é necessário». Nesse sentido, assegurou à população que embora resida longe da sede do concelho não está esquecida: «Não nos esquecemos de vocês e vamos continuar a investir em São Bento procurando criar, pelo menos, condições mínimas de vida àqueles que têm estado ao longo dos anos tão distantes, diria até em muitas circunstâncias, tão abandonados. Mudaram as caras, mudaram as vontades, e pela nossa parte vamos continuar a concretizar os vossos legítimos sonhos e ambições», frisou. «Estamos todos de parabéns, fizemos a nossa obrigação e fizemos bem feito, acrescentámos valor a um território que é parte integrante do concelho», concluiu.
O ponto seguinte da jornada foi a inauguração da Estação Hidropressora de Covões Largos, «um equipamento que surge da necessidade de melhorar o desempenho da rede de abastecimento de água naquele lugar através da implementação de um sistema de bombagem mais eficaz», porque tal como referiu na altura Jorge Vala «não vale a pena dizer que temos a população servida se a água não chegar a casa das pessoas com a pressão suficiente, aliás, um dos motivos porque alguns não fizeram a ligação ao sistema foi, precisamente, a falta de pressão».
Para o autarca, trata-se de «uma obra que apesar de complementar é muito importante para a população local» e a Câmara não quer ficar por aqui estando a trabalhar com um operador de telecomunicações no sentido de ver resolvido outro problema que afeta as pessoas da freguesia: as dificuldades de acesso à rede móvel e à internet. «O nosso objetivo é que no concelho haja igualdade de oportunidades para todos», sublinhou.
Parque de autocaravanismo e carros à vela juntos
De uma assentada, foram feitas as duas outras inaugurações que estavam no programa, uma área de serviço para autocaravanas e uma pista para carros à vela, esta última um projeto que está a ser desenvolvido pelo Núcleo de Espeleologia de Leiria (NEL) no antigo campo de futebol do Grupo Desportivo de São Bento. A construção da área de serviço, paredes meias com a pista de carros à vela, incluiu um muro de suporte em pedra, a criação de um parque de merendas e respetivo mobiliário urbano, uma zona verde, parque de estacionamento para autocaravanas com acesso a água, eletricidade e despejo de águas residuais, iluminação pública, pavimentação do arruamento e passeios.
Tiago Rei disse que o que era, até há pouco, uma zona degradada, está hoje um espaço agradável e que «tanto o clube como a população estão, decerto, gratos porque com este melhoramento todos ficam a ganhar». Para o presidente da Câmara, «concretizou-se um projeto que era um desejo da freguesia e que faz parte de um outro mais vasto que visa a requalificação de espaços para atrair pessoas ao concelho e instalá-las» e, a este nível, com a anunciada inauguração da estação de Arrimal a oferta concelhia ficará reforçada. A intenção do Município é que os visitantes em vez de se instalarem em apenas uma das áreas de serviço, circulem por todas e conheçam melhor o concelho, referiu. Nesse sentido, o regulamento irá prever que os autocaravanistas possam instalar-se e usar de forma gratuita durante um mês os equipamentos disponibilizados nas áreas de serviço de Pedreiras, Porto de Mós, Mira de Aire, São Bento e, futuramente, Arrimal, desde que permaneçam em cada uma delas apenas uma semana.
«Esta infraestrutura nasce de uma parceria com o clube de São Bento e temos aqui um espaço moderno e adequado para ser autossuficiente em termos das auto-caravanas», disse Jorge Vala elogiando também o clube «pelo arrojo da decisão em aceitar transformar um campo de futebol que estava praticamente sem uso, para poder acolher uma modalidade diferenciadora, em parceria com o NEL, que é o carro à vela». Também aqui, a intenção é «criar condições para a prática de outras modalidades e atrair gente ao concelho». No ar ficou, ainda, a promessa de apoio para a melhoria dos balneários do clube local.