Porto de Mós conseguiu algumas vitórias, mas «a Saúde continua a ser uma preocupação», assumiu o presidente da Câmara, Jorge Vala, no decorrer da última Assembleia Municipal.
Solicitado pelos deputados municipais Félix dos Reis (PSD) e Cristina Rosa (PS) a fazer o ponto da situação relativamente às questões que mais têm preocupado os autarcas locais – a necessidade de criar uma segunda Unidade de Saúde Familiar [USF] e da vinda de mais médicos para o concelho –, Jorge Vala confessou estar preocupado por o acordo feito com o Ministério da Saúde, no âmbito da transferência de competências, ainda estar, parcialmente, por cumprir, o que faz com que algumas vitórias sejam, para já, apenas no papel.
O responsável autárquico confirmou que, tal como tinha sido sugerido na última Assembleia Municipal, reuniu com a responsável pela recém-criada USF Aire e Candeeiros, e que voltou a colocar em cima da mesa «uma questão determinante»: «O Município aceitou a transferência de competências porque tal como está escrito no acordo assinado com o Ministério da Saúde, encontrava-se em curso o processo de criação de uma USF com o objetivo de servir os utentes da Unidade de Saúde de Cuidados Personalizados (UCSP) e que teria a sua sede em Porto de Mós e dois pólos, um em Mira de Aire e outro em Serro Ventoso. Por sua vez, foi definido que as unidades de Alqueidão da Serra e Mendiga continuariam a funcionar, mas, agora, como extensões de Porto de Mós e Serro Ventoso, respetivamente. Por último, seriam criados em projeto-piloto dois balcões SNS na sede da União de Freguesias de Alvados e Alcaria e na sede da Junta de Freguesia de São Bento».
«Foi este o protocolo que assinámos e como o executivo entende que quem assinou é pessoa de bem e representa o Governo, mesmo que essa pessoa não venha a ser governante a seguir, eu não acredito que aquilo que aqui está plasmado não seja respondido num tempo próximo», disse o autarca, adiantando, ainda, que a resposta recente do presidente da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULS Leiria) a uma carta que lhe foi enviada, «no seu legítimo direito» pelo presidente da Junta de Freguesia de Alqueidão da Serra, o leva a pensar que, de facto, há a intenção de cumprir.
Segundo o responsável, o presidente da Junta, Filipe Baptista, solicitava na sua missiva, como urgentes para a extensão do Alqueidão da Serra, «os cuidados de enfermagem» e abertura da mesma, em alguns dias, para pedidos de receituário. O presidente da ULS Leiria terá informado que «nesta fase ainda não tem médicos e não havendo médicos a resposta tem de ser uma resposta provisória», assumindo o compromisso de, para já, ter a extensão de saúde aberta «dois dias por semana» para ir ao encontro, precisamente, do solicitado pelo autarca local.
Quanto à vinda de mais médicos para o concelho, Jorge Vala disse que houve há pouco um concurso que previa 41 vagas para os concelhos do Pinhal Litoral (de que o concelho faz parte), tendo sido preenchidas apenas duas, precisamente em Porto de Mós, «porque criava uma expectativa [a criação de uma segunda USF] que foi concretizada».
«A expectativa nossa e dos profissionais de saúde era ter uma USF criada com a totalidade dos médicos previstos, o que não aconteceu. Vieram mais dois, mas só temos cinco», lamentou Jorge Vala, confessando-se preocupado, por outro lado, com aquilo que apelidou de «um certo baile de profissionais de saúde».
«Segundo ouvi já esta semana, a USF Novos Horizontes vai perder um médico para outra USF aqui da região e, portanto, enquanto nós não estabilizarmos esta questão continuaremos a ter, necessariamente, uma preocupação muito grande, porque existem aqui os tais convites» [para a saída de profissionais para outras unidades de saúde] e é legitimo que as pessoas possam sair, o que já não é justo é que sejam colocados aqui, saiam e depois o lugar não seja preenchido», conclui o autarca, dizendo que esta situação o deixa «manifestamente preocupado».
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