Depois de um período de seis meses com mandato suspenso, Rui Marto, vereador do PS, está de regresso à Câmara de Porto de Mós.
Em fevereiro último, Rui Marto pediu a suspensão evocando motivos de ordem profissional, nomeadamente, a dificuldade em compatibilizar o trabalho com a atividade autárquica sem que ambas as vertentes, a profissional e a autárquica, saíssem penalizadas.
Seis meses depois, justifica o autarca, «foram feitos alguns ajustes a nível profissional» o que lhe permite agora compatibilizar o trabalho com a atividade autárquica e daí o regresso, até porque, como diz, «houve sempre a intenção de manter a ligação à Câmara».
Pese embora ter estado ausente da vereação desde fevereiro, Rui Marto foi acompanhando à distância o trabalho realizado pela Câmara e, questionado pel’O Portomosense, sublinha aquilo que já era antes a sua convicção: «Está-se a perder muito tempo!». Para o autarca «há projetos que se estão a arrastar e que são fundamentais para o concelho», nomeadamente a Área de Localização Empresarial de Porto de Mós e o saneamento básico, área que «vai recebendo uns ajustes numa pontita ou noutra mas nada de estrutural». No entender do eleito socialista «há a parte de promoção que tem sido completamente diferente mas tirando isso não se conseguem vislumbrar outros projetos, uns sistematicamente adiados e outros remetidos para uns protocolos de colaboração» que diz não saber «se existem ou não». Em suma, realça, à exceção da Central, «não se vê o arranque de projetos de forma musculada».
Além de ver o seu antigo cabeça de lista à Câmara suspender o mandato 16 meses depois de tomar posse como vereador, o PS concelhio sofreu nos últimos seis meses outro revés com a renúncia de Fernando Amado ao lugar na vereação. Amado saiu ainda o mandato não ia a meio e fê-lo com alguns lamentos públicos. Embora evocasse razões profissionais como principal motivo, queixou-se da «falta de retaguarda partidária» por parte do PS, o que não lhe permitiria fazer um melhor trabalho como vereador. Meses antes, em entrevista a O Portomosense, chegou mesmo a dizer que se sentia «órfão» do partido que em tempos presidiu a nível local.
Confrontado com esta baixa na equipa ocorrida durante o período em que teve o mandato suspenso, Rui Marto diz que «devemos sempre respeitar as opiniões de quem está e de quem sai e, acima de tudo, escutá-las e perceber se têm muita ou pouca razão». Neste caso, reconhece razão a ambas as “partes”. «Sendo o Fernando Amado uma pessoa independente apesar de ser conhecido e conotado desde sempre com o Partido Socialista, e que estava em funções de forma independente, pode-se sempre reconhecer-lhe alguma razão na falta de uma certa retaguarda e basta nós pensarmos que neste momento não há uma concelhia organizada. Agora nunca houve falta de apoio de elementos que sempre estiveram e estão ligados ao PS e que, como se costuma dizer “chegaram-se à frente” sempre que solicitados», diz. «Não havia, de facto, formalização de linhas orientadoras mas nunca deixámos de reunir quando era para preparar a Assembleia Municipal ou para assuntos-chave das reuniões de Câmara como o Orçamento. Percebo que para o Fernando Amado sendo independente era-lhe mais difícil ter acesso a certas e determinadas linhas por não haver uma estrutura local do partido, mas sempre que ele e outros o procuraram foram-lhes dados alguns apoios, agora é óbvio que linhas estruturantes não porque não havendo uma concelhia, quem sou eu ou outra pessoa para indicar rumos?», frisa.
Em relação às pessoas que representaram o PS na Câmara durante esta dupla ausência, Marto considera que «estiveram a bom nível como seria de esperar» realçando «o trabalho e a vasta experiência autárquica de Anabela Martins», antiga vereadora da Educação. Já Teresa Jordão, «mesmo estando muito pouco tempo mostrou, igualmente, estar bem preparada para exercer as funções».
Em relação ao futuro, Rui Marto promete continuar a desempenhar o seu papel enquanto vereador sem pelouros, «com lealdade e de forma séria e empenhada», apresentando sempre que o entender, propostas alternativas às da maioria PSD encabeçada por Jorge Vala, ou apoiando aquelas que entender serem boas para o concelho. Dos autarcas, nomeadamente, de freguesia e da Assembleia Municipal, bem como do cidadão comum, espera que lhe continuem a dar conta de problemas e situações que possa apresentar perante o restante executivo camarário ou outras entidades.
Isidro Bento | texto
Catarina Correia Martins