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Será a enxaqueca, apenas, uma dor comum?

18 Março 2021
O Portomosense

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O Portomosense

18 Mar, 2021

Beatriz Simões tem apenas 22 anos mas há muito que enfrenta o “pesadelo” das enxaquecas. «Ao início achei que fossem dores de cabeça normais, daquelas que é comum os jovens terem», conta. Com o passar do tempo, começaram a ser «muito persistentes» e «completamente incapacitantes» e foi então que decidiu ir ao médico. «Disse-me para tomar a medicação normal que se faz para as dores de cabeça, Brufen e Ben-u-ron», recorda. Como as dores não lhe davam tréguas viu-se obrigada a tomar sistematicamente esses analgésicos para as aliviar. Posteriormente, apareceu-lhe um problema de saúde e veio a saber-se que foi derivado da excessiva toma de medicação. Os médicos concluíram que teve uma «intoxicação medicamentosa» e através das análises perceberam que «o nível das transaminases, enzimas do fígado, estava muito elevado», conta a jovem natural do Juncal. Beatriz Simões passou a ter uma alimentação muito equilibrada e rigorosa para conseguir com que os valores normalizassem.

Quando tem enxaquecas sente a dor «num só lado da cabeça». Passa muitas horas a dormir porque lhe faz impressão qualquer tipo de luminosidade e, nessa altura, é «completamente impensável qualquer tipo de raciocínio», garante.

«Há muito a banalização e a descredibilização da enxaqueca. É vista como uma doença normal e uma dor comum», desabafa. A jovem frisa que sempre teve todo o apoio necessário nos seus locais de trabalho e que nunca sofreu nenhuma penalização por se estar a sentir menos bem. No entanto, confessa que as pessoas têm tendência a achar que é o mesmo tipo de dor de cabeça que elas próprias sentem. «Agonia» é como define o estado geral em que fica sempre que tem enxaquecas, acrescentando que há determinadas horas em que é um esforço «sobre-humano o pedir qualquer tipo de atividade mental ou física a uma pessoa que esteja a ter uma crise». Refere ainda que uma enxaqueca «é todo o mau estar geral associado à dor, desde deixar de ter força muscular a ter o reflexo do vómito». Para complicar, além de enxaquecas, Beatriz Simões também sofre de cefaleias de pressão. «Sinto, tal como o próprio nome indica, pressão, principalmente nas têmporas». Caracteriza-as como uma «dor intensa» que quando atinge o pico a deixa com «a visão deturpada». As cefaleias «aparecem em momentos de pressão e stress extremos», remata a jovem. Atualmente toma a medicação adequada para quando sabe que tem enxaquecas ou cefaleias de pressão.

Beatriz Simões acrescenta que é importante haver uma «consciencialização sobre o assunto» e afirma que apesar de não ser um tema muito debatido, é «bastante recorrente».

De acordo com um estudo da Sociedade Portuguesa de Cefaleias, estima-se que sejam cerca de 700 mil as pessoas a sofrer de enxaquecas graves. Por ser uma doença que tem um forte impacto na vida dos doentes, calcula-se que, em um ano, metade dessas pessoas faltou 3,8 dias ao trabalho.

Cristina Ostafiychuk | texto
Isidro Bento | revisão

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