A Junta de Freguesia do Alqueidão da Serra recebeu, no passado dia 2, a última reunião de Câmara pública descentralizada, à qual compareceram várias pessoas, entre as quais Patrícia Santos, que aproveitou o período dedicado à intervenção do público para tecer um comentário sobre «a velha questão do Centro de Saúde»: «Faz agora um ano que tínhamos o problema, o problema não é tão grave como era há um ano mas agora falta a cereja no topo do bolo. Não nos podemos esquecer que ainda que, em termos de distância, estejamos perto da sede do concelho, somos uma população muito envelhecida», referiu, sublinhando que a ausência de rede de transportes leva a que alguém tenha que «tirar uma manhã ou uma tarde» para acompanhar um familiar ao posto médico.
Em resposta, o presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, lembra que «o que está indicado pela Unidade Local de Saúde (ULS) é que o Centro de Saúde tem que abrir à segunda e à quinta-feira, da parte da manhã, com administrativa e enfermeira», embora saiba que «isso não está a acontecer».
O autarca revela ainda que o Município está a aguardar o licenciamento da alteração das linhas do Vamós que, numa primeira fase, até vir um segundo autocarro, «vai estender-se ao Alqueidão da Serra e ao Juncal», passando, assim, a servir estas duas freguesias. «Talvez a partir do final deste primeiro semestre passaremos a ter o Vamós», antecipa.
Nessa altura, o Vamós «passará no horário que ficar definido», embora Jorge Vala reconheça que muitas vezes esse horário poderá não ser «aquele que as pessoas precisam naquele momento». O autarca adianta que está também «a aguardar a autorização e o financiamento por parte da CIMRL» para o transporte a pedido.
Perante a atual situação em que se encontra a extensão de saúde do Alqueidão da Serra, o vereador do Partido Socialista (PS) Rui Marto mostrou-se preocupado e lembrou aquilo que ficou firmado no documento aquando da descentralização de competências. «Hoje para além de não termos ninguém é termos a incerteza se no futuro vamos ter esse alguém», desabafou, apelando, uma vez mais, ao «empenho» do presidente da Câmara para que se resolva a situação.
«Aquilo que consegui apurar é que a extensão de saúde está assim, eventualmente, por falta de algumas condições de trabalho», revela Rui Marto, criticando o facto de «ninguém apresentar» essas condições para que se possa, de alguma forma, encontrar soluções.
Em relação ao Vamós, o vereador da oposição considera que este transporte «será sempre um mau serviço se for para tapar este tipo de situações» e justifica a sua posição com o facto de esta poder ser vista como uma solução para uma «situação que não é para “atamancar”»: «E de um momento para o outro vamos ficar, definitivamente, sem a extensão de saúde porque temos alternativa de transporte público independentemente dos horários que vier a praticar».
Em resposta, o presidente da Câmara esclarece, contudo, que o Vamós «não tem rigorosamente nada a ver com a questão da saúde»: «Como disse, provavelmente os horários, por exemplo, das consultas, podem não ser compatíveis com os horários dos autocarros».
Jorge Vala defende que o compromisso que foi assumido com o protocolo de descentralização de competências tem que ser cumprido e que é isso, inclusive, que têm apelado junto da administração da ULS. «Nós não gerimos saúde, a gestão da saúde não é da nossa responsabilidade, mas pelo menos temos a responsabilidade de tentar que as coisas sejam cumpridas conforme foi assinado», frisa.
O autarca revela ainda que a equipa da ULS foi à extensão de saúde do Alqueidão da Serra para «fazer um diagnóstico das instalações com o objetivo de fazer pequenas intervenções» para que, em termos de condições, «não haja desculpa» de os profissionais não irem para lá.
Foto | Jéssica Silva