Dois anos depois e ainda não foi desta que voltámos a poder marcar presença nas tão baladas tasquinhas das Festas de São Pedro, mas as saudades dos cheiros, dos sabores e, sobretudo, do convívio que aí se vivia já são mais que muitas. Em 2020 e com ordem para ficar em casa, nem sequer se pensava na sua realização, este ano, ainda que, por questões de segurança, não seja possível voltar ao recinto que tantas memórias nos traz, o Município de Porto de Mós decidiu promover as tasquinhas em versão take-away, entre os dias 26 de junho e 4 de julho. As associações que quiseram aderir tiveram a possibilidade de confecionar algumas das suas principais iguarias nas suas sedes e o público que quis aguçar o paladar teve a oportunidade de as encomendar para, depois, saborear em casa. O Portomosense falou com três das coletividades aderentes que apesar de confessarem algum receio inicial com o sucesso da iniciativa, acabaram por se mostrar surpreendidas com a aceitação do evento por parte da população.
Uma lufada de ar fresco para suportar as despesas
«É muito bom ter alguém a lembrar-se desta iniciativa, porque para as associações estava a ser um pouco difícil, para nós então… Ter que pagar tudo, renda, luz, água, sem podermos fazer nada que nos ajudasse com as despesas», afirma Norberto Rodrigues. O presidente da Associação Rancho Folclórico de Mira de Aire reconhece que este evento conseguiu «mexer um pouco» com o Rancho que, assegura, estava «completamente parado» de há dois anos para cá. «Foi uma forma de as pessoas estarem um pouco connosco e de se lembrarem que mesmo parados, continuamos ativos», sublinha.
Embora contido no entusiasmo, Norberto Rodrigues faz um «balanço positivo» ainda que não seja «muito acentuado» e mostra-se satisfeito com a participação das pessoas. Durante seis dias, cerca de seis pessoas estiveram empenhadas em confecionar os pratos típicos que costumavam levar às tasquinhas, entre os quais, Cabrito no Forno, Povo à Lagareiro, Bacalhau à Rancho, Grelhados e Cozido à Portuguesa, num total de 250 doses levantadas.
“As pessoas quiseram ficar com o sabor a São Pedro”
No Centro Cultural e Recreativo Dom Fuas, as tasquinhas em versão take-away tiveram uma «grande adesão», quem o diz é o presidente, Alexandre Inácio que admite que «correu melhor» do que aquilo que estava à espera. Nos cinco dias que estiveram dedicados a fazer os dois pratos de que dispunham (Lagartos de Porco Preto e o Bacalhau à Dom Fuas) foram vendidas 190 doses, algumas, inclusive, para serem degustadas fora do concelho de Porto de Mós. «As pessoas têm saudades, então vêm para provar ou para voltar a provar. Querem ficar com o sabor a São Pedro e às tasquinhas, mas a mesma coisa nunca é», considera.
Alexandre Inácio reconhece que a iniciativa foi uma maneira de voltarem a ter trabalho e de conseguirem arranjar mais um «fundo de maneio» para a associação, no entanto, não deixa de expressar a vontade de em 2022 voltar ao recinto das tasquinhas das Festas de São Pedro: «Apesar das circunstâncias, foi uma boa ideia. É o que se pode arranjar, mas temos esperança que no próximo ano volte tudo à normalidade», confessa.
A preocupação de ser fiel à ementa das tasquinhas
Na serra, aquela que era a ementa inicialmente prevista do Grupo Desportivo e Recreativo de Serro Ventoso (GDR) sofreu uma alteração. Composta por Galo Bêbado, Bacalhau à Pedra e Cabidela de Galo, a direção do clube optou pela exclusão do último prato, entretanto substituído pelo Ensopado de Borrego, com a justificação de tentar ser o mais fiel possível ao menu que era comum a associação apresentar nas Festas de São Pedro. «Nós quisemos defender os pratos típicos das tasquinhas de Serro Ventoso e, a verdade é que nunca tínhamos servido a Cabidela de Galo», justifica Sérgio António, vice-presidente.
Na concretização desta iniciativa estiveram envolvidas cerca de 20 pessoas que forneceram para fora, um total de 320 doses. Apesar de considerar que foi uma ideia «interessante», Sérgio António defende que deveria de ter havido possibilidade de se poder servir algumas das refeições na sede do clube porque, revela, havia «muitas pessoas» que não queriam levar para casa e que perguntavam se lhes podiam servir a comida no próprio local.