Não há uma data de aniversário, mas desde 2011 que a Team Ribeirense, secção do Clube Desportivo Ribeirense, da Ribeira de Cima, acelera vertiginosamente de bicicleta pelos declives do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC). Surge até «de outra equipa que já existia em Porto de Mós, que eram os Alligators Team», conta Nuno Louro, que coordena o grupo, em conjunto com o diretor desportivo adjunto, Luís Cardoso, e, «desde aí, todos os anos», têm organizado «uma etapa da Taça de Portugal ou o Campeonato Nacional de Downhill em Porto de Mós». Mais de uma década depois, a Team Ribeirense tem 17 atletas, que vão desde cadetes a master-50, e que são quase «todos aqui das redondezas», nove dos quais «na categoria de e-bikes» (uma aposta recente do clube e «o futuro das bicicletas nos próximos dois, três anos», acredita o dirigente). E já não se dedica exclusivamente ao downhill, tendo estreado a vertente do enduro na época passada. Segundo o dirigente, atualmente «o número maior de atletas participa mais» nesta última do que na modalidade “original”.
“Não é muito fácil organizar eventos aqui na zona”
«Embora o enduro também consista em troços especiais, parecidos com os do downhill», há algumas diferenças. «É mais abrangente em termos de atletas que possam participar, e em termos também quer dos custos (se calhar uma bicicleta só para downhill é capaz de ter um desgaste muito maior)», quer da «perigosidade» do downhill. «Tudo isso leva a que tenha havido um crescimento significativo em termos de enduro», acredita o dirigente. Uma das principais diferenças entre estas duas modalidades do BTT é que, enquanto «o downhill é uma vertente só de descida, o enduro tem a parte específica de descida, mas depois as ligações são sempre feitas na bicicleta, não há transportes [entre os diferentes percursos] como há no downhill», explica. «Em termos do PNSAC, há algumas restrições, mais quando é para eventos, não é muito fácil hoje em dia organizar um evento aqui na nossa zona», explica Nuno Louro, «mesmo para ter circuitos devidamente marcados, o Parque também não facilita que se possa fazer isso, porque, se assim fosse, ia ter muito mais gente a circular no concelho, dada a diversidade de percursos que temos». O dirigente recorda que há algumas estruturas nas serras criadas «mais com vista ao downhill e que hoje são aproveitadas para a prática do enduro», e que a Pista do Figueiredo, na Ribeira de Cima, «ainda é a única que o Município conseguiu legalizar». Quanto à criação de pistas próprias para enduro, Nuno Louro sabe que se tentou, «há relativamente pouco tempo, legalizar alguns circuitos», que acredita não terem sido aceites em função «daquilo que o Município gostaria de ter em termos do roteiro».
Questionado sobre se é um objetivo da Team Ribeirense melhorar as condições para a prática do BTT na área do PNSAC, Nuno Louro respondeu: «O objetivo em si não é só nosso, é um objetivo do Município de Porto de Mós criar percursos pedestres e de BTT para que quem nos visita também tenha um roteiro, e seria uma mais-valia para o concelho». E isso, acredita, «irá facilitar muito mais as organizações locais, dos diversos clubes que fazem BTT, downhill ou enduro, para poder chamar a Federação Portuguesa de Ciclismo» e fazer uma primeira prova de enduro em Porto de Mós.
Prova de enduro estreia época da equipa
Sobre a primeira etapa desta temporada da Taça de Portugal de Enduro, que se realizou em São Brás de Alportel nos passados dias 11 e 12 de fevereiro, Nuno Louro deixou o seguinte comentário: «Foi a primeira prova do ano, para alguns atletas que só tinham iniciado atividade no ano passado, em termos competitivos já tiveram bastante melhoria». O treinador acredita que «os resultados [12.º na competição por equipa, após a primeira etapa] não foram significativos», já que «também não passa pelo objetivo principal da equipa o resultado desportivo em si. Nesta fase inicial da época, nem sempre se consegue estar na melhor forma», acredita. Nuno Louro considera contudo «positivo» o balanço da participação, «até pela imagem que a Team Ribeirense vai passando em termos de equipa»: «É uma marca que já há muitos anos está no panorama nacional. Porto de Mós e o Ribeirense são conhecidos em todas as provas».
Participação foi condicionada pelo frio e pela neve
Decorreu nos passados dias 25 e 26 de fevereiro, a primeira etapa da Taça de Portugal de downhill, em Tarouca, Viseu, prova que contou com três atletas da Team Ribeirense. Nuno Louro considera «que a prestação foi positiva»: «Sabemos que a primeira prova é sempre complicada, mas [que] também iria estar uma forte concorrência em termos dos pilotos estrangeiros. Dos quase 300 inscritos, se calhar metade eram atletas internacionais que estão em Portugal a fazer a sua preparação para as provas do Mundial. Já se sabe que isso condiciona a classificação dos atletas nacionais», considera. Também o tempo («no sábado estava tudo branco com neve» e «bastante frio») condicionou a participação da equipa, tendo terminado Luís Cardoso (Master 30) em 12.º, Henrique Cabral e João Vieira, ambos na categoria Elite, em 51.º e 53.º, respetivamente. Para esta etapa, a Team Ribeirense, por ter menos de cinco atletas, não pontuou em equipa.
Os ciclistas preparam agora a próxima ronda da Taça de Portugal da modalidade, agendada para 18 e 19 deste mês, em Seia.
Revisão | Catarina Correia Martins