A corrida à presidência da Câmara de Porto de Mós conta com mais um candidato anunciado. Trata-se de António Alves, “homem dos sete ofícios” na área da Cultura, psicólogo de formação, com ligação familiar e experiência de gestão ao nível do setor cerâmico. Depois de em 2013 ter dado a cara pelo CDS-PP, António Alves aceita agora desafio idêntico do Chega, partido de extrema-direita.
António Alves diz que «não tinha motivação ou ambição» de voltar a participar numa luta eleitoral autárquica mas que os novos tempos o têm feito pensar que hoje «não há muita democracia». Pelo contrário, existe, no seu entender, «muita intolerância democrática em especial para com as pessoas que se apresentem como de direita». «O mundo não pode ser tão monolítico, há outras formas de pensar e eu sempre me senti mais à direita no sentido em que dou muito valor à história, às pessoas concretas e ao esforço que fazem para lutarem pela vida, assim como ao talento, ao empreendedorismo e à capacidade de renovação da sociedade», diz, frisando que são valores que «não existem em Porto de Mós», onde «os dois candidatos mais conhecidos estão na política desde sempre como se o mundo fosse a preto e branco». Alves candidata-se, então, porque acredita que tem «uma palavra diferente a dizer» e quer «quebrar com este rotativismo PSD/PS na Câmara».
Para aqueles que se mostram chocados com a candidatura e o acusam de representar um partido com ódio aos estrangeiros, racista e contrário aos valores da democracia, responde que nem ele nem aquela força partidária são xenófobos mas que, pelo contrário, têm sido vítimas de «xenofobia e de intolerância democrática». «Xeno significa “medo do desconhecido”, “medo do que é diferente”, e nesse sentido está a haver é muita xenofobia relativamente ao Chega e eu também a estou a sentir na carne», sublinha, acrescentando que se várias pessoas lhe «deram os parabéns», outras têm sido «intolerantes, violentas, inclusive com ameaças de ordem física», o que o tem deixado «perfeitamente estupefacto». Na sua opinião, isto «diz bem do estado a que chegámos» com a democracia «cerceada e acantonada» e encarada como «propriedade de uma série de pessoas».
«Eu não sou xenófobo, tenho relação excelente com a comunidade ucraniana, enquanto cantor é uma honra cantar com senhoras ucranianas. Também sempre tive uma boa relação com a comunidade cigana, já cantei com eles e lhes dei formação», destaca, defendendo que mais do que incluir, o objetivo deve ser «interagir, levar a que estas pessoas participem mais, fazê-las mexer em vez de as acantonar para subsídios».
António Alves promete uma aposta em ideias ligadas à sustentabilidade do território. Quer ajudar a «renovar e proteger a floresta, associar a Ciência a Porto de Mós ao nível da interpretação da pedra e da nossa terra, elevar a cultura a um nível superior com apoio a entidades com projetos interessantes e promoção de pelo menos um evento de projeção internacional». Quer rentabilizar o castelo, em termos culturais, «de uma nova forma» e criar condições para que cada vez mais jovens portomosenses «tenham a oportunidade de viajar para o estrangeiro e conhecerem novas realidades».