Aquilo que para alguns era uma dúvida, deixou, entretanto, de o ser, após confirmação oficial. A linha de alta velocidade que ligará por via ferroviária as cidades de Lisboa e Porto irá mesmo passar pelo concelho de Porto de Mós. A informação está disponível no site da empresa Infraestruturas de Portugal e coloca Porto de Mós na lista dos 31 municípios que irão receber nos seus territórios a linha que permitirá fazer a viagem de comboio entre as estações Porto-Campanhã e Lisboa – Oriente, em 1 hora e 15 minutos.
O tema chegou à última Assembleia Municipal pela mão do presidente da Junta de Freguesia do Juncal, Artur Louceiro, que questionou o presidente da Câmara, Jorge Vala, se já se sabe «o trajeto que o TGV irá percorrer no nosso concelho, nomeadamente, na freguesia do Juncal», uma vez que já foi questionado por alguns dos seus fregueses e não soube responder.
“É importante esclarecer a população”
Em resposta, Jorge Vala disse que, efetivamente, a linha de alta velocidade irá passar pelo concelho, embora ainda não esteja definida a zona em concreto ou, pelo menos, se o está, a Câmara ainda não a conhece. «Foram-nos propostos corredores com um quilómetro para cada lado e aparentemente aquele que está em cima da mesa para avançar é um corredor que não passa dentro do Juncal, mas sim próximo do gasoduto», revelou o autarca. «O que me disseram, informalmente, é que o TGV entrará na zona de Aljubarrota e Cumeira de Baixo em túnel e que depois circulará para nascente, apanhando uma franja da freguesia do Juncal, seguindo em direção a Leiria», acrescentou.
Segundo o responsável autárquico, a Câmara foi abordada há cerca de um mês por parte da empresa e no seguimento desse contacto enviou, por escrito, um pedido de reunião porque, no seu entender, «era fundamental que a Infraestruturas de Portugal fizesse uma sessão pública para esclarecer a população, para não haver aqui informações enviesadas e, sobretudo para as pessoas ficarem conscientes daquilo que se passa».
«Estamos a aguardar que marquem a referida reunião onde queremos ver mais de perto o projeto porque, como disse, temos um corredor de um quilómetro para cada lado, mas a informação que nos foi dada é que não apanha casas. Vamos ver, estamos a aguardar», conclui o presidente da Câmara.
Entretanto, O Portomosense pediu também informação complementar à Infraestruturas de Portugal e está a aguardar a prometida resposta.
TGV irá parar em Leiria
De acordo com a informação disponibilizada pela Infraestruturas de Portugal, a nova linha, de via dupla, construída em bitola ibérica (1688 mm), terá uma extensão de aproximadamente 290 quilómetros, contemplando múltiplas ligações à rede ferroviária convencional, incluído às atuais estações de Aveiro, Coimbra e Leiria, onde serão disponibilizados os serviços de alta velocidade. Por sua vez, Vila Nova de Gaia será servida através de uma nova estação a ser construída na zona de Santo Ovídeo.
Porto e Lisboa ficarão assim separadas por pouco mais de uma hora, o que é um ganho substancial em relação ao tempo médio de viagem em automóvel (cerca de 3 horas) com a nova linha haverá ainda «um aumento bastante significativo da capacidade ferroviária neste eixo».
«Está previsto que o troço entre Porto-Campanhã e Soure, correspondente à Fase 1 do projeto, esteja concluído até 2028. A conclusão da Fase 2 do projeto, entre Soure e o Carregado, está prevista para o final de 2030. O desenvolvimento da Fase 3, entre o Carregado e a Estação de Lisboa-Oriente, está prevista para depois de 2030. A implementação da nova linha AV contempla a construção de uma nova travessia ferroviária sobre o rio Douro, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, a executar durante a Fase 1», lê-se também no site da Infraestruturas de Portugal.
Associados à nova linha de alta velocidade estão alguns projetos ferroviários complementares que suportam o modelo de exploração proposto. Estes projetos incluem a quadruplicação da Linha do Norte entre Alverca e Azambuja e entre Taveiro e Coimbra B, a modernização da mesma linha entre Braço de Prata e Sacavém, a duplicação da Linha do Oeste nas proximidades da Estação de Leiria, a adaptação das atuais estações de Porto-Campanhã, Aveiro, Coimbra B, Leiria e Lisboa-Oriente à operação AV e a construção do Terminal Técnico do Oriente, a localizar em Braço de Prata, adianta ainda a empresa.
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