Não foi uma, nem duas mas sim três lesões que Bernardo Cunha, atleta natural do Reguengo do Fetal (Batalha), sofreu desde novembro do ano passado, altura em que deixou o Grupo Desportivo das Pedreiras (GDP) para assinar contrato com o Sport Lisboa e Benfica (SLB). Depois de ter batido vários recordes, entre os quais o recorde nacional sub-18 de decatlo, nos Campeonatos Europeus Sub-18, que decorreram no ano passado em Jerusalém, e de ao longo de quatro anos ter ganhado dezenas de medalhas ao serviço do GDP, esta tem sido uma época negra para Bernardo Cunha, que ainda se encontra a recuperar da última lesão. «As duas primeiras [lesões] foram roturas no posterior da perna. Desta vez, ainda não sabemos bem [onde se situa a lesão] mas já fui a Lisboa fazer uma ressonância [magnética] para saber o que tenho», conta.
Passaram sete meses desde que vestiu, pela primeira vez, a camisola do SLB e apesar desta “maré de azar”, Bernardo Cunha considera que a experiência «tem sido boa». «Esta época não está a correr muito bem, mas acho que estou a conseguir aproveitar. É tudo muito diferente. O Benfica tem muito mais apoios do que tinha o GDP e, mesmo em provas, é um espírito muito diferente, mais de equipa», reconhece.
Embora o atleta esteja ligado ao Benfica, os treinos têm sido feitos no Estádio de Leiria ou nas instalações do GDP, onde treinava anteriormente: «Infelizmente ainda não tive oportunidade de ir lá treinar com os meus colegas. Em dezembro era para ter ido a Lisboa treinar com eles mas como me lesionei acabei por não ir». Acabou por ir a Lisboa sim, mas por outros motivos: para fazer tratamentos. Bernardo Cunha não tem dúvidas que se conseguisse treinar nas instalações do SLB, muitos aspetos da sua vida de atleta seriam diferentes: «Se tivesse a oportunidade de treinar lá, acho que seria bem diferente. Aqui tenho um treinador – o mesmo que tinha quando estava no GDP – e lá provavelmente teria vários porque como faço decatlo, teria diferentes tipos de apoios (treinadores, fisioterapeutas, nutricionistas)», reconhece. Acreditas que essa realidade poderá mudar? O atleta responde com esperança: «Acho que sim, acho que daqui a uns meses posso ir lá treinar». Enquanto isso não acontece, e apesar da distância, Bernardo Cunha vai mantendo o contacto regular com a equipa técnica do Benfica, em Lisboa, clube no qual pretende continuar na próxima época.
Ainda antes de sofrer as lesões, o atleta teve oportunidade de participar em duas provas, ambas em dezembro e as únicas em que participou, por isso, admite, já sentir falta do «bichinho da competição». «Este ano o principal objetivo era o Campeonato da Europa mas com as lesões que tive acho que já está um bocado de fora dos objetivos», lamenta. As lesões têm-no impedido de competir mas não de sonhar. Bernardo Cunha espera que o futuro seja mais risonho e admite já estar focado nas metas que pretende atingir no próximo ano, entre as quais, a participação nos Campeonatos do Mundo de juniores.
Jéssica Silva | texto
ADAL | foto