Túnel da Torre quer ser galeria e já tem obras portomosenses

17 Junho 2023

Bruno Fidalgo Sousa

Hera e Rúben Escória, das Pedreiras, já deixaram a sua arte no cimento do túnel

A Aldeia Pintada está a convidar quem se quiser juntar a transformar em arte as paredes do Túnel da Torre, sob o IC9, e alguns artistas do concelho de Porto de Mós já se juntaram ao projeto. Hera e Rúben Escória, ambos das Pedreiras, estiveram na jam (sessão conjunta de pintura) do passado dia 21 de maio, onde pintaram nos módulos de betão que, com mais ou menos 2 metros por 2 metros, se tornam telas para os mais de 20 artistas que lá passaram.

«Aquilo funciona quase como uma galeria», explica Diogo Monteiro, um dos organizadores da Aldeia Pintada e que assina como Tenório. E todos podem participar: «Há sempre a oportunidade de quem quiser ir sozinho aparecer por lá, pode pintar quando quiser, mas vimos aqui também esta ideia de se combinar um dia específico, e quem quiser aparece para pintar e quem quiser aparece só para ver». Mesmo que, reforça o artista, nunca tenham tido experiência, já que «tem acontecido participarem algumas pessoas da terra e de fora que vêm experimentar e estão ali a pintar pela primeira vez uma parede».

Pinturas, colagens e até poemas são agora parte do Túnel da Torre da Magueixa, localidade que desde 2020 tem sido alvo de uma profunda intervenção artística, que tem trazido turistas ao lugar: «Por vezes vão-nos dizer “Olha, houve alguém que veio de Lisboa ou de Coimbra para ver as pinturas», confessa, orgulhoso, Diogo Monteiro. A ideia é continuar a trazer não só visitantes como artistas: «Para descobrir novos artistas aqui da região, estamos abertos a isso, quem vir publicações e se quiser chegar à frente, é mandar uma mensagem, a ideia é juntar pessoas que tenham este gosto, este interesse pela pintura e pela ilustração e usar isto como mote para as pessoas se conhecerem e trocarem aqui conhecimento».

Além do trabalho no túnel, este ano a Aldeia Pintada vai também promover, pela primeira vez “em casa” e já no próximo dia 10 de junho, uma Oficina Criativa Bandeiras Ao Vento, no pátio da antiga escola primária local. O primeiro workshop organizado pela Aldeia Pintada fez-se pela primeira vez no último NASCENTES, festival intercultural nas Cortes, Leiria, onde se vai repetir este ano. No dia 10, pelas 10 horas, estão «a fazer o convite aos mais novos, conjuntamente com os pais, que apareçam para esta oficina em que cada um vai fazer a sua bandeira, com algumas técnicas de ilustração», que poderão depois levar como recordação.

DISCURSO DIRETO

Hera

«Eu descobri a Aldeia Pintada há uns meses e achei muito interessante porque não há assim muitos projetos deste género na zona. Eu também já tinha andado lá na escola primária quando era pequena e achei imensa piada ao facto deles estarem a fazer mais arte urbana numa aldeia que é mais isolada, e também por incluírem o resto da aldeia e a população, as pessoas mais idosas, toda a gente queira participar, [assim] vão contando a história das pessoas, a história da aldeia, todas aquelas histórias populares que existem à volta disso. Vi que estavam a fazer uma open-call para pintar o túnel e decidir participar. [Pintei] uma sala de estar. Tu olhas para uma sala de estar e é confortável, eu queria transmitir um bocadinho essa ideia do “Tu olhas para uma peça daquelas e sentes-te quase em casa, é confortável”».

mariana cordeiro | Jornal O Portomosense

Rúben Escória

«Já é o segundo evento que lá foi organizado, vi o primeiro mas não tive oportunidade de aparecer. Entretanto também conheci quem organiza, o Tenório, e acabei por lá aparecer no segundo evento. Acho muito bem [o evento] e é fixe para puxar pela malta, para pintarmos e juntar o pessoal e é um convívio engraçado. Pintei um feiticeiro. Quando faço coisas ao meu critério é algo assim muito aleatório. E ainda ficou lá espaço, se alguém organizar mais alguma coisa, obviamente que vou lá estar».

ruben escoria | Jornal O Portomosense

Bruno Fidalgo Sousa | texto

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