Mira de Aire poderá vir a acolher uma das primeiras unidades de saúde familiar modelo C (USF C) do pais revelou o presidente da Câmara, Jorge Vala, na última reunião do executivo camarário que teve lugar precisamente naquela freguesia.
Questionado pelo presidente da Junta, Alcides Oliveira, e pela presidente da Assembleia de Freguesia, Cristina Vila Verde, sobre o ponto de situação no centro de saúde de Mira de Aire, o responsável autárquico confessou que apesar de não ser adepto desta solução, fez o pedido à ministra da Saúde para que Porto de Mós integre o grupo dos 20 municípios que irão ter a possibilidade de estrear um novo modelo de gestão ao nível dos centros de saúde. O pedido foi aceite e o concelho será um dos cinco da região onde, caso surjam interessados e estes cumpram os critérios já fixados, poderão vir a ser criadas USF geridas por entidades do setor social ou privadas.
«Com toda a honestidade, eu não sou adepto disto mas não estamos a encontrar outras soluções, portanto, neste momento, o presidente da Câmara de Porto de Mós está a contactar empresas na área da Saúde na tentativa de que se inscrevam para concorrerem e passarem a gerir o centro de saúde de Mira de Aire. O número de utentes mínimo de uma USF modelo C é 4 000 e Mira de Aire tem mais, portanto, enquadra-se e enquadrando-se nós vamos à procura de soluções», disse, perentório.
Apesar de ver na constituição de uma USF modelo C uma hipótese de solução para a falta de médicos naquela freguesia, Jorge Vala deixou claro que não desiste das anteriores, nomeadamente do projeto Bata Branca. «Nós estamos muito empenhados em arranjar médicos [sem especialidade ou já reformados] para o Bata Branca. Protocolámos com a Unidade Local de Saúde de Leiria (ULS) 70 horas, 35 das quais para Mira de Aire, e se se encontrarem médicos o município protocolará rapidamente as 70 para preencher a totalidade dos ficheiros», assegurou.
Numa semana em que, por coincidência, houve reunião de Câmara e Assembleia Municipal, muito se falou de saúde e quase sempre por maus motivos, tendo os autarcas mirenses dado o pontapé de saída expressando lamentos e dúvidas. Alcides Oliveira foi o primeiro a mostrar o desalento por se ter assinado um protocolo com o Ministério que, contra as expectativas «do executivo, dos doentes e de toda a gente, afinal, não é bem aquilo que se esperava». Cristina Vila Verde optou, por seu turno, por questionar «se há ou não médico de família no Centro de Saúde de Mira de Aire e se este tem ficheiros atribuídos, e se os tem, quais foram os critérios de atribuição».
Paulo Nobre, um dos vereadores do PS, deixou claro que «a Saúde é um problema de todos», pelo que todo o executivo, sem exceção, está «alinhado nesta questão». O autarca disse saber bem e subscrever «o esforço que tem sido feito para resolver os problemas da saúde no concelho». Nessa perspetiva, afirmou que não há necessidade de o presidente da Câmara, «sempre que fala do acordo que fez com o Ministério e que permitiu a criação de uma segunda USF, dizer que isso só foi possível porque não aceitou as competências na área da Saúde na altura em que os vereadores do PS achavam que o devia fazer».
«Ainda bem que não o fez e que houve a inteligência de o fazer mais tarde», disse Paulo Nobre, afirmando, contudo, que não há necessidade de em cada reunião falar disso como se os vereadores do PS tivessem sido «uns criminosos». Até porque, frisou, o resultado até agora é igual porque foi feito o acordo mas não está a ser cumprido por parte da Saúde».
Foto | Catarina Correia Martins