Presidente da Câmara defende que só há um modelo verdadeiramente atrativo para os médicos
Depois das críticas diretas e indiretas aos responsáveis da UCSP e da USF na última reunião pública do executivo, o presidente da Câmara, Jorge Vala, adotou desta vez na AM, um discurso mais moderado e não comentou, sequer, a hipótese levantada por Alcides Oliveira e Filipe Baptista.
O autarca preferiu voltar a apresentar a USF como o modelo de organização que melhor serve o concelho porque nesta [quando se passa do modelo A para B] «um médico pode ganhar, com facilidade, o dobro ou mais do dobro do que ganha um médico da UCSP que é médico à mesma e tem um ficheiro exatamente igual como o da USF».
«Porto de Mós tem uma USF, a Novos Horizontes, agora modelo B, a quem dou os parabéns a todos os profissionais, que passam a ser remunerados com base em incentivos e isto quer dizer que esta passa a ser daquelas [com capacidade] para atrair profissionais com mais facilidade. Direi, aliás, é para aqui que querem vir. Depois existe uma UCSP que por vontades diversas, ao longo de diversos anos, não passou disso. Numa fase inicial perdeu o comboio da constituição em USF e com isso foi perdendo a sua atratividade para os médicos» , disse realçando que a autonomia de gestão faz com que este modelo seja também mais atrativo para os clínicos.
“Dar o melhor se si não está a ser suficiente”
Crítico de um sistema que permite que profissionais a desempenhar o mesmo tipo de trabalho possam ter remunerações bem distintas entre si, Jorge Vala, mesmo assim, vê nas USF a melhor solução e defende: «ou se faz um ajustamento daquilo que é a realidade das USF tornando-as modelo para todo o país ou vamos continuar a ter muita dificuldade em captar e fixar médicos nas UCSP».
Para o presidente da Câmara, a UCSP de Porto de Mós é um bom exemplo disso mesmo. Há «um esforço muito significativo por parte dos profissionais que procuram fazer o seu melhor mas o seu melhor é pouco para a realidade que temos: uma população envelhecida, com muita dificuldade de mobilidade e que, infelizmente, para poder ter acesso a uma consulta de receituário ou para baixa médica, se não tiver médico de família, se formos lá a esta hora [22 horas] já lá está para tentar conseguir uma consulta para as cinco da tarde do dia seguinte».
Jorge Vala disse não ter «muito mais respostas», a não ser a necessidade de um sistema em que a saúde ande toda à mesma velocidade e em que o índice de remuneração de um médico ou de outro profissional que trabalhe na Calvaria, nas Pedreiras e no Juncal seja o mesmo daquele que está em Porto de Mós e nas restantes extensões de saúde e isso só se conseguirá, no seu entender, com a criação de uma segunda USF.
Quanto ao parecer, garante que será negativo «a uma USF que preveja encerrar extensões de saúde», porque, na sua opinião, «não é impossível» criar esta unidade sem encerrar as extensões existentes. O responsável terminou sublinhando, pela positiva, o facto de, até agora, poder e oposição estarem unidos nesta luta «sem haver carga política nas tomadas de posição» sobre o assunto.
Luís Vieira Cruz | foto